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Reveladores de papel

Existem reveladores de filme que ficaram famosos como o Rodinal, por exemplo, mas e os reveladores de papel? Bom, comecei a descobrir alguns reveladores de papel que seguiram o caminho oposto, o da obscuridade. Hoje apresento dois: o Solarol (presente do amigo Bento) e o Edwal Platinum Papel Developer.

Primeiro, o Solarol, que ainda é vendido na Adorama com a seguinte descrição: Print development with Solarol provides a new dimension of image control through the use of the Sabattier effect, commonly called “solarization”. The effect is produced by re-exposing the print to white light while it is in the developer. With other developers, this procedure gives a dark, muddy picture, but with Solarol, contrast is maintained, sharp edge effects appear, and a beautiful surreal image is obtained. The results are predictable and repeatable, and you control the process just as in conventional printing. Makes 2 quarts of working solution. The tray life of Solarol equals that of the best of print developers, and it keeps for over two months in a well stopped bottle.
With extended use, its developing action becomes slower, but its solarizing ability actually improves! It should be discarded when it is too exhausted to produce a good black with two minutes of development.

Interessante que a embalagem não mudou muito ao longo do tempo. Continua sendo vendido em latas de metal. Ainda não testei praticamente para solarização, mas em breve dou notícias.

E o da Edwal, note bem o logotipo da Edwal com as palavras “negativus positivus”.

Esse revelador vem como líquido concentrado, em garrafas marrons, eu experimentei com um Ektalure vintage e achei muito interessante o contraste que ele deu. Na internet não se encontra mais esse revelador, alguns sites mostram uma segunda versão dele, mas Adorama e B&H parecem não tê-lo mais em estoque.

Scitex Smart 340 • primeiros testes

Mais uma história. E enquanto eu escrevo aqui, já estou pensando em coisas que ainda não descobri, detalhes que passaram em branco nessa correria de fazer algo funcionar. O Carlos me ligou para avisar que um scanner estava abandonado, não era um scanner qualquer, seu peso fala por ele, são 100Kg de scanner. Uma peça do passado não tão distante, vinda de uma terra longínqua: Herzilia, Israel. Lá ficava instalada a fábrica da Scitex, que em 1994 começou a comercializar o Smart 340, resolução máxima de 8000 dpi, na época era grande coisa o fato do scanner fazer uma imagem em apenas uma varredura.

Nessa época, em que estações gráficas custavam um milhão de dólares, o preço módico do Smart 340 era convidativo: 45 mil dólares (outro dia no Mercado Livre apareceu um Smart 700X por 200 reais). A Scitex faliu, não há mais peças de reposição e manutenção especializada (uma pesquisa rápida no Google revela que lâmpadas para esse scanner não existem mais, um modelo diferente, único, sem estoque). O software do scanner nunca foi atualizado para o OSX do Mac, ficou preso ao OS9.

Dado o peso do equipamento, o mais seguro foi colocar ele no chão (Nando, obrigado!) e começar ali o trabalho de investigação. Os primeiros dados que o Carlos ofereceu é que as fotos andavam fora de foco e que o software do scanner mostrava vários alertas e não ligava corretamente.

Ligado a ele coloquei um PowerMac G3 rodando o OS9.1, um monitor e etc. O Marcio, que acabou ficando com o computador do Carlos, fez a gentileza de enviar os arquivos que estavam contidos no HD desse computador, para que eu pudesse instalar o software no meu computador.

No início da instalação é lançado um programa que faz o diagnóstico do equipamento, ele testa várias áreas do scanner por etapas.

Quando chegou na parte mecânica apareceu a palavra Failed. E logo o teste se completou.

Na lista dos resultados do diagnóstico apareceu: focus axis – not ok. Resolvi refazer o mesmo teste, mas com o scanner aberto. Removi as tampas e acabamento dele e enganei o detector de tampa aberta do scanner.

O resultado foi o mesmo, mas pude observar muitas coisas acontecendo. De onde vinham os sons todos que o scanner faz, essas coisas. Fui almoçar e esvaziar a mente, pensar nas possibilidades. Através do software obtive diversas informações sobre o que estava errado. Ao tentar ligar o software que faz o scan, a mensagem era: Focus Motor Timeout, ou seja, a placa-mãe ligou o motor, mas ele não respondeu focando a lente. Através de outra interface do programa de diagnóstico vi uma outra mensagem: Focus or Motion Board unresponsive, o software suspeitava que a placa encarregada de mover lentes e etc estivesse queimada (se fosse isso, não teria jeito, então nem adianta pensar a respeito).

Na volta do almoço peguei uma lanterna e comecei a olhar dentro do scanner, para tentar entender onde estava o mecanismo de foco. Podia parecer simples, mas não era, esse scanner é dotado de 7 lentes ao todo, e eu não sabia quais eram fixas e quais se moviam para focar. Procurei, desmontei mais um pouco, fucei aqui e ali. Ainda meio cético, constatei que apenas uma das lentes realmente tinha um motor que a fazia focar, as outras todas elas fixas, calibradas na fábrica.

Estranhamente simples. Coloquei a mão sobre esse motor e pedi novamente o teste para o software de diagnóstico. Esse motor vibrou mas não a lente presa a ele se mover. Nos meus dedos ficou um pó amarelo. De todas as peças desse scanner, esse foi o único lugar onde alguém colocou uma graxa vagabunda. Graxa de má qualidade seca e enpedra. Limpei o que eu pude, coloquei outra graxa nesse eixo que atravessa o motor e pedi o diagnóstico novamente. Quando motor começou a vibrar, forcei o eixo para o lados para soltar a graxa lá dentro e a lente começou a mexer frenéticamente.

Coloquei um negativo 4×5″ dentro do scanner e pedi um scan. Selecionei uma área de 1x1mm aproximadamente dentro da imagem (atrás do taxi da direita há uma pessoa de pé, atrás dele passa um ônibus pela rua de trás, atrás dele há uma placa de trânsito). Pedi um scan a 8000 dpi, só para ver.

E depois a imagem final do scan.

Polaroid Palette • drivers

Volta e meia alguém aparece por aqui atrás de drivers da Polaroid para o Digital Palette, já vieram atrás do CI 5000 e do HR 6000.

O site da Polaroid está fora do ar, logo sites como o Version Tracker não funcionam, já que eles apontam para o site original do produto.

Se esse é o seu problema, o Triber Update, um site alemão, ainda tem esses arquivos para download direto e mais um monte de coisas da Polaroid.

Erosão?

Percebi que algumas fotos Polaroid mais antiga estão esmaecendo demais. O filme era o 57, formato 4×5″, usado no back 545.

Reproduzi um cópia para dar uma olhada de perto.

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Mal dá para entender qual era a imagem que aqui existia. Então apliquei uma curva violenta para pelo menos decifrar o que perdi. Não tento recuperar nada, mas criar algo novo, do que se perdeu.

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As bordas sofreram mais com a degradação. No centro dá para ver a casa, o telhado da varanda nessa imagem de mútipla exposição.

Para Uberlândia buscar uma Colex

SP-348. SP-330. BR-050.

Ida e volta somaram um pouco mais de 1200Km.

O propósito era recuperar um pouco de história. Fazer uma breve arqueologia da fotográfica analógica.

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No caminho cerrado. Agradável.

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Quem se habilita a dar um novo lar para esse cara ai em cima?

Descanso antes do retorno.

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De volta, idéias e projetos.

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Scanmaker II, testes

Fiz um teste para ver as possibilidades de um scanner Microtek ScanMaker II, vintage de 1993. Ele tem uma tampa com iluminação para o escaneamento de transparências até 8×10″ e chega a 600 dpi (uau! em 1993…), no entanto só usei 300 dpi para os testes.

Escolhi um negativo colorido complexo, com velatura e muita prata (por conta da falta de branqueamento).

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Os 8 bits por canal não foram suficiente para decifrar a cor do negativo tão escuro, resultou um color cast amarelo violento no arquivo digital. A mancha branca é da imagem e foi resultado de um buraco no lensboard da câmara 8×10″, um acidente casual. Algumas manchas azuis bem suaves aparecem no centro da imagem, artefatos da captação da imagem. Com um negativo p&b de contraste normal o scanner se saiu bem melhor.

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Aqui as correções necessárias após o escaneamento foram bem poucas, só inversão e a aplicação de uma curva bacana.

Protar 1:18 f=14cm

Uma lente que eu curto usar na câmara 8×10″. É uma grande angular do início do séc. XX. A abertura máxima é f/18. É bem pequena, e no entanto funciona bem para uma lente daquela época. É quase uma “rectilinear”, distorce bem pouco as linhas paralelas na imagem.

Kodak Gravure Copy em 5×7″

Usei novamente o filme ISO 3 em tamanho 5×7″ que havia usado com as esculturas de alumínio. O filme é da Kodak, chama-se Gravure Copy. É ortocromático, ou seja, sensível ao azul. Pode-se usar luz de segurança com filtro vermelho durante a revelação. A caixa sugere usar o DK-50 ou o D-11 como reveladores. Eu optei pelo Agfa 108 que é o revelador de papel que eu uso. Porque revelador de papel? Ah! O filme está vencido desde os anos 70, precisa um pouco mais de acelerador para dar aquele contraste. O revelador de papel também traz bastante redutor, brometo, para limpar a base que tenderia a ficar cinza demais por conta da idade.

O resultado é interessante, com altas luzes brilhantes.

O DK-50 é um revelador para fotos de luz controlada, que pode dar bastante contraste, mas não o suficiente. Se diluido e com um pouco mais de acelerador é um ótima alternativa para revelar um Tri-X vencido.

Microtek Scanmaker II

Da série Interior dos scanners, aqui vai um Microtek ScanMaker II, dessa vez limpo. Note na próxima foto o que saiu de pó preto depositado sobre os espelhos e filtros do scanner.

Microtek Scanmaker II, ainda sujo

Da série Interior dos scanners, aqui vai um Microtek ScanMaker II. Com uma memória IBM que depois virou chaveiro só para ver como ia o foco.