Há uns tempos eu cheguei a pegar uma impressora inkjet grande da HP, acho que era uma z3200 de 61cm, mas os problemas eram tantos que comecei a acreditar que ela nunca voltaria a ligar, desisti. De qualquer maneira ali nasceu uma curiosidade com essas novas impressoras que substituem os ampliadores que todo mundo tinha décadas atrás.
(Fica aqui um leve alerta, esse post ficou muito longo. Ele foi escrito em partes durante o processo. Eu reli tudo no final, mas não necessariamente consegui corrigir a concordância verbal e temporal ao longo de todo o texto. Boa sorte!)
As inkjets com tintas a base de pigmento são algo ainda muito caro para uma experimentação qualquer, mas merecem leitura e isso eu fui fazendo, até para entender quais seriam os caminhos mais simples (sim, eles existentem). É claro, acabei indo ler sobre o carbono que é uma maneira de baratear a impressão monocromática das inkjets, pois bem, existe gente por ai inclusive fazendo/misturando tintas para inkjet a base unicamente de carbono. São tintas monocromáticas, é claro, que são altamente resistentes ao tempo e à luz, mais que os pigmentos, são muito mais baratas também, além de não entupir as cabeças. E ainda podem ser usadas em impressoras com vias/cores entupidas, porque usam menos vias (pelo menos 4).
Ah! Tem que ser Epson. Não é questão de gosto, é que a tecnologia da Canon ou HP esquenta a tinta para produzir uma micro bolha que espulsa a tinta pelo canal da cabeça. Bom, fazer uma tinta que não acumule no elemento que esquenta e assim evite de entupir a cabeça parece que ainda é bem díficil.

Ai apareceu essa Epson 4900, de 2010, com 12.000 folhas impressas e um canal de tinta totalmente entupido (acontece demais com as x900). Ela ia para o lixo talvez (vale menos do que a troca da cabeça) e eu já tinha lido que o carbono talvez pudesse salvá-la. Tinha tinta ainda dentro dela, comecei a juntar os itens necessários para a conversão e fui jogando com as tintas que ainda estavam lá dentro para manter a cabeça fluindo. Com alguns solventes específicos e alguns “truques” fui desentupindo as outras cores que já começavam a se fechar devido à falta de uso. Dai eu descobri o sr. Paul Roark e seu site incrível. Ali eu aprendi que tem gente por ai misturando suas próprias tintas, uma coisa seríssima, possibilidades incríveis. Passei a vasculhar a seção de limpeza do supermercado com mais carinho ainda, fui fuçar em lojas de essências e em casas cirúrgicas. Depois conheci o estúdio do Marcos Ribeiro, além de impressões com as tintas da Epson, ele também faz impressão com carbono comercialmente, isso também abriu novos caminhos, uma maneira mais simples de olhar para a tinta, que lembra a maneira com a qual olho para o revelador/fixador, sabendo que posso desmontá-los e montá-los novamente, reformular e modificar.
Na verdade existe uma galera que faz isso num nível mais simples com tintas menos chiques, veja por exemplo esse sub-Fórum do portal Printer Knowledge e “tudo que as pessoas colocam” em suas impressoras.
Continuando com a 4900, enchi os cartuchos chineses com um fluído de limpeza que eu mesmo fiz e me preparei para usar um software que eu descolei num fórum russo para encher a impressora com esse líquido (initial charge ou o carregamento inicial de tinta quando os primeiros cartuchos são instalados) e assim abrir o caminho para o carbono (que ainda está em trânsito). Eu aguardei um pouco por conta de um problema, o tanque de manutenção. Esse tanque coleta os resíduos de tinta da impressora e quando ela acha que ele encheu, ela aguarda você ir comprar outro. Isso não é tão legal assim. Para poder usar esse tanque novamente, depois de esvaziá-lo, você precisa providenciar um resetter (uma máquininha que encosta no chip do tanque e volta ele ao 100% vazio) e o meu resetter está em trânsito. O grande problema aqui é que o initial charge enche o tanque de manutenção rapidamente e isso é uma questão pois ele acaba tendo que ser trocado no meio desse processo.
Mas dai deu um problema com o carbono, que a loja se negou a enviar via correios e cancelou o pedido. Já fui atrás de outra loja, mas isso vai demorar um pouco mais. Comecei a explorar as possibilidades locais, temendo pela impressora parada queria algo que pudesse colocar ela para imprimir logo. Fui à região da Santa Efigênia numa loja que eu curto do mundo do Bulk Ink ver o que havia disponível. Achei essa tinta pigmentada da Inktec (Coréia do Sul). Vasculhando os fóruns como o que eu já linkei aqui atrás, você pode ver que a Inktec pigmentada tem ótima reputação entre os instaladores de bulk. Um litro de preto pigmentado custa entre 100 e 140 reais, dependendo de onde compra. Isso não é carbono puro, mas parece ser resistente ao tempo, à luz, tem um tom neutro e um preço imbatível. Fica anotado para o futuro.

Na mesma loja, quase sem querer eu achei uma estante num canto com alguns itens muito interessantes e bem vencidos. Acabei arrematando um cartucho Epson T511 vencido em 2005 de Archival Ink Black com 500ml de tinta.

Um cartucho dessa época, foi facílimo abrir e remover o saco de tinta de dentro. Abri a caixa preta sem auxílio de ferramentas e depois usei um estilete para remover esse filme plástico.

Esse acesso fácil não é possível com os cartuchos mais modernos.

Nesse ponto eu simplesmente cortei uma das pontas desse saco e com muito cuidado derramei ele dentro de uma garrafa PET de 500ml.

A caneta prateada foi bem útil para identificar essa garrafinha, rsrsrs. Nessa hora, parei tudo uns dois dias e reli tudo que eu tinha salvado e tudo que eu tinha imprimido sobre o assunto. Senti que era um momento crítico. Linearização, estabelecer limites de tinta, as configurações do QTR, uma loucura.

O carbono tem um problema que é o fato dele não poder encostar na tinta da Epson, podendo ocorrer uma reação. Então normalmente se faz um initial charge com líquido de limpeza, isso enche a impressora desse líquido e expulsa a tinta para o tanque de manutenção, para depois fazer o mesmo initial charge com o carbono. E dai você tem que limpar o tanque e limpar algumas peças onde a cabeça fica apoiada (capping station, wiper blade, wiper pad). Como a tinta que eu ia usar era a própria tinta Epson, apenas uma versão mais antiga, optei por pular essa parte e carregar direto a tinta que eu misturei. Assim precisei fazer apenas 2 initial charges somente do lado esquerdo da impressora, diminuindo sensivelmente a quantidade de tinta expulsa e isso teoricamente caberia no tanque de manutenção.

Diluí o líquido do T511 com a base sugerida pelo Paul Roark no site dele, a C6a. Depois do primeiro ink initial charge imprimi uma foto num papel comum, fiz uns nozzle checks.



Tinha dois problemas, a tinta 9% tinha muita coloração amarela, ou seja, havia tinta meio velha na mangueira que provavelmente resistiu à expulsão pela tinta que entrava. E o 100% estava mais claro que o 30%, ou seja, a tinta sem o diluente não fluia tão bem talvez, o fato é que o preto não estava preto, estava mais claro que o cinza médio. Então antes da segunda expulsão eu usei uma seringa para adicionar 5% de diluente na tinta 100% (que virou 95% nessa hora). Talvez eu devesse trocar todos os dampers dessa impressora. Não sei.
Para checar essas coisas a gente imprime o inkseparation10.tif que vem incluído no QTR (como abaixo). Como não tenho tinta no canal K ficam faltando as legendas, então inclui alguma à mão. Também imprimi um nozzle check na lateral esquerda. O problema está visível ali no “OR 100% ?” (LK, C e M ainda tem tinta saindo pela cabeça, mas o cartuchos tem apenas líquido de limpeza.)

Um detalhe do problema:

Bom, já fui muito mais longe do que com a z3200, hahahahahhaha. Agora vou aguardar o resetter e continuo o relato no próximo post.
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