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ULF do Sr. Arlindo

Em 2020 estive em Coimbra para conhecer as histórias e a loja do Sr. Arlindo. A Fátima Roque me falava muito dele desde 2012, tanto que escrevi esse post aqui em homenagem a essa história com as fotos que a Fátima me mandou e com a entrevista que gravei com ele em 2020.

Agora na segunda quinzena de Abril de 2024 estive por lá novamente e foi muito bom saber como andam as coisas na Diorama. Adorei ver que o Sr. Arlindo continua cheio de idéias e novas construções! Cheio de energia!

Logo depois que passei por lá chegou a pandemia. Sr. Arlindo me conta que ficou trabalhando sozinho ali na sala dos fundos da Diorama, recombinando as coisas que ele já tinha para criar essa câmara de ultra grande formato (28x35cm e 30x40cm).

A câmara tem diversos movimentos, anda sobre 4 rodas, tem foco motorizado e um obturador elétrico com controle de tempo digital. Brutal!

Uma pequena placa na frente contém uma dedicatória, um poema, sua assinatura.

Uma bela construção, cheia de ideias interessantes. Fiquei vidrado com os grampos de marcenaria sendo usados como os standards da frente e da traseira, uma ótima solução!

A Diorama ou o Sr. Arlindo não estão nas redes sociais, é uma ótima desculpa para ir conhecer Coimbra e ele.

Grid

Deve fazer uns dois anos que eu achei um projetor no lixo. Acho que por ele só ter uma entrada VGA deixou de ter utilidade, não havia errado com ele, nem a lâmpada estava velha (coisa que é comum). A resolução era baixa, apenas 800×600 pixels (SVGA).

Eu tinha essa ideia de fotografar alguns objetos com um grid projetado neles, sei lá, olhar para as linhas e para os limites, não sei bem, talvez seja apenas a intersecção das formas.

Mas foi essa semana que sobrou um tempo extra, tirei o carro da garagem, montei um estúdio improvisado ali, levei o projetor, liguei um laptop antigo, fiz um grid adequado. Experimentei com o tempo, com a altura do projetor, com o ângulo etc.

Fiz umas imagens com o smartphone para testar, enquanto faço uma lista mental dos objetos que pretendo fotografar.

O primeiro teste ficou escuro, é difícil fotometrar essas linhas e saber como vão aparecer num filme sensível a luz verde. Acabei optando por colocar um difusor sobre a luz da minha mesa de trabalho e deixar ela ajudar nos volumes (que é a foto que abre esse post).

Conversão de Nikon D100 para espectro total

Essa Nikon D100 veio parar aqui já há um tempo. Até que um dia me deparei com um vídeo no Youtube mostrando como é simples remover o filtro IR cut da frente do sensor. É razoávelmente fácil desmontar a câmara. Na foto abaixo, os quatro parafusos que se pode ver na beirada do sensor podem ser removidos para libertar o filtro azulado e pronto, está feito.

Já tinha testado a câmara com uma bateria e sabia que ela ligava. Mas não tinha bateria, nem queria comprar uma para esse projeto. O projeto tinha que ser mais barato que isso, me tornei essa pessoa.

Comecei a pesquisar e descobri que a Nikon fazia um adaptador chamado EH-5 para ligar a D100 direto à tomada 110/220v. Num post do dpreview achei até informação do pinout do adaptador, além da informação principal: 9v e até 4amp.

Na minha sucata tinha um carregador da Sony que veio do lixo também. Tem saída 8.4v e vai até 1.7amp. Me pareceu próximo o suficiente para um teste. Os plugs de ambos eram bem diferentes, no entando era possível encostar um no outro e fazer contato entre os polos corretos. Assim a câmara ligou sem problemas.

Dobrei um pouco os metais do contato da câmara e forcei o plug do adaptador um pouco mais longe, não encaixou mas ficou sob pressão. Envolvi tudo em cola epóxi e com uma fita hellerman prendi o cabo ao ponto de fixação da alça, para evitar que um puxão desfizesse tudo. Deixei a cola secar um dia.

Seguia pensando o que poderia fazer… Sem o filtro IR cut no lugar, era provável que não fosse mais possível focar a câmara no infinito. As primeiras imagens ficaram totalmente rosadas, efeito do IR atingindo todo o sensor.

Separei um canto ao lado da janela e posicionei minha aloe vera iluminada pelo céu azul. Coloquei a câmara no tripé, compus a primeira imagem e então rosqueei o filtro IR 850nm na objetiva. O filtro é opaco para a luz visível, nada se via pelo visor então. A câmara não tem live view. Comecei a fotografar e analisar o resultado, localizar o ponto de foco, ajustar a composição e tentar novamente. Fotografei essa aloe vera em f/8 com velocidades de 1/2s a 1/8s em ISO 200.

Logo percebi que algumas imagens tinham uma pequena barra preta no canto inferior esquerdo da imagem vertical. Parece que o obturador está dando sinal de que vai chegar ao fim. Em alguns outros momentos o obturador simplesmente não abriu completamente, expos só uma faixa. Bom ficar de olho e checar todas as imagens antes de partir para a próxima.

Cheguei a testar um filtro Wratten 87 (segundo a Wikipedia “Blocks wavelengths shorter than 740 nm”), mas gostei mais das imagens com o 850nm, por enquanto.

Virei a câmara para a janela. Fiz uma imagem em f/16 e 1/25s com o mesmo ISO 200, sucesso em obter foco no infinito com a objetiva 50mm, pelo menos.

E depois me diverti com a sinuosidade da rua aqui em frente de casa, com a grama brilhante, enfim, coisas do infravermelho.

Em breve chega do AliExpress um filtro IR Fader que vai de 530nm a 750nm, espero que funcione, queria testar umas imagens em comprimentos menores, entre 600nm e 720nm. Depois conto mais dessa próxima etapa.

Câmara caixote para filme 4×5″

Tudo começou com essa caixa de Ilford FP3 Series 2 que foi fabricado entre 1960 e 1968. Tinha achado ela em Biévres, em 2022, junto com outras tantas tranqueiras. Nem achei que tinha filme dentro, mas passou no raio-x do aeroporto e não fui chamado para inspeção, então, tudo bem. Dai deixei um ano aqui enquanto ganhava coragem para abrir, imaginando tudo que poderia ter ali dentro.

Enfim, vi que tinha filme mesmo. Na melhor das hipóteses esse filme tinha 55 anos de idade. Já meio ondulado e cheirando a vinagre, o acetato se desfazendo com o tempo. Queria usar, mas não tinha mais câmara 4×5″. Só tinha a Technika 13x18cm e não tinha como adaptar.

Minha mãe veio visitar e me trouxe um saco de outras tranqueiras que eu tinha deixado na casa dela. Tinha pedaços de um film holder 4×5″ e uns darkslides de outros, tudo separado para um futuro distante. Com paciência e uma faquinha jeitosa consegui montar um film holder razoavelmente funcional de partes diversas.

Com um caixote de vinho do Porto que peguei no lixo comecei a imaginar uma câmara fotográfica. Do lixo vieram também uns pedaços de madeira compensada, era da embalagem de algum eletrodoméstico grande. Cortei o compensado para fazer uma frente e uma traseira para o caixote, usei cola branca e paciência.

Optei por deixar a câmara com foco fixo, ali pelos 3 metros de distância, para o primeiro teste. Assim podia fazer umas fotos dentro da garagem e se desse certo poderia fazer retratos ou detalhes de ambientes como os que eu tinha feito com a 6×6 uns meses antes.

Fechei as frestas do caixote com massa corrida e pintei o interior de preto. Colei umas tirar de veludo na parte traseira e estava quase pronto.

A Cooke Primoplane de 155mm estava já num board para a Technika, usei cola quente para ameaçar ela ali na frente do caixote. Com um elástico segurei o film holder contra as tiras de veludo. Foi um tanto difícil colocar o filme no holder, a ondulação do filme impede que ele deslize facilmente para dentro.

Também não coloquei uma rosca no inferior da câmara poder usar tripé, nem sabia se o filme estava OK, não quis ter o trabalho à toa. Empilhei umas caixas na entrada da garagem e posicionei a câmara apontada para minha mesa de trabalho. Pela janela entrava uma luz fraca de um dia de inverno, a foto com o telefone dá impressão de muito brilho, mas não era tanto assim. Fechei o diafragma em f/11 e deixei a objetiva aberta por 30 segundos.

30 segundos em f/11

Agora no inverno a temperatura da garagem varia entre os 12C e os 14C, levei água quente da cozinha de casa e fiz um Rodinal 1:50 bem morno. Revelei por 2 minutos com agitação constante. Resultou um negativo pouco denso, mas com muitos detalhes nas sombras (se vê até o timer que está sob a mesa do Durst). Aparecem alguns pequenos pontos de mofo no filme, mínimos. Uma pena, podiam ser maiores.

Acho que agora se faz necessário passar um verniz rápido no caixote e instalar uma rosca na base para poder prender ao tripé. Contar quantas folhas sobraram e usar esse resto da caixa de filme.

Lâmpadas de vapor de sódio

No último post, ficou uma pendência: abordar as janelas da garagem e a questão da luz de segurança. É sobre isso que venho escrever hoje.

Quando instalei o ampliador na garagem, questionei-me sobre como poderia mantê-la escura o suficiente para trabalhar. Ao mesmo tempo, percebi que durante a noite, a única luz que penetrava pelas janelas era a proveniente das lâmpadas da rua de trás. Essas lâmpadas são de vapor de sódio, assim como a luz de segurança Thomas Duplex. A Wikipédia tem uma imagem bacana da emissão espectral dessas lâmpadas.


E se? Não tomei nenhuma medida em relação às janelas da garagem, na esperança de que a luz disponível fosse segura e suficiente para o trabalho. Na primeira noite em que usei o ampliador testei essa hipótese com papéis de grau fixo. Embora a luz seja segura, a quantidade que entrava era tão pequena que precisei usar uma fita de LEDs vermelhos para conseguir realizar acompanhar visualmente a revelação.

Outra dúvida surgiu em minha mente: a luz da rua afetaria o filme IR-F que ainda tenho para cortar e usar na câmera 6×6? Num certo dia da semana passada, desci até a garagem e cortei um pedaço de filme utilizando apenas a luz que entrava pela janela. Teve até alguns carros passando pela rua de trás em busca de uma vaga para estacionar. Em alguns minutos consegui fazer 5 rolos de 120 com um pedaço de 86cm, um trabalho rápido graças a iluminação. Testei dois desses rolos no dia seguinte e os revelei como de costume. A base veio limpa, sem véu – um sucesso absoluto!

A luz de segurança da cidade! Bom, não sei por quanto tempo. Muitas aqui no bairro já foram substituídas por LEDs brancos.

Nota: IR-F é um filme da IBF para imagesetters que utilizam laser infravermelho. Já falei nele aqui diversas vezes, seguindo o tag é fácil encontrar os outros posts relacionados.

Um novo cantinho para ampliação na garagem

Há uns meses eu havia decidido construir um caixa de ampliação, ou seja, um ampliador pequeno instalado dentro de uma grande caixa de madeira.

A ideia era aproveitar o espaço da garagem para ampliação sem ter que ter muito trabalho para escurecer o ambiente e etc.

Tinha conseguido uma caixa, fiz uns suportes para ela e estava em busca de um pequeno ampliador que pudesse doar a cabeça e talvez a coluna para o projeto.

Já estava desanimado com aquilo tudo quando me escreveu o Samuel da Bestacameras. Ele viu uns stories e me falou do Durst 138S que ele estava vendendo. Conversamos um pouco, uns dias depois eu dirigi até a Espanha para buscar o tal ampliador e tudo mudou.

Cheguei de volta a Braga, limpei e montei o Durst no único canto da garagem onde ele cabia. Comecei uma lista de afazeres e itens que eu precisaria providenciar para fazer essa história funcionar. Decidi começar tudo pensando que seria possível usar o ampliador durante a noite sem ter que vedar janelas e portão da garagem.

Do lixo saiu um pouco de madeira e espuma para fazer o porta-negativos, depois uma tábua de passar roupas que cortei para ser marginador com imãs do AliExpress.

Também achei um bidão que cortei para ser uma tina. Ao invés de focalizador de grão, uso um óculos de leitura bem forte que permite ver a imagem de perto na superfície do marginador. Uma fita de LED RGB ligada na cor vermelha serve de luz de segurança (sobre as janelas da garagem e a luz de segurança farei um post mais detalhado em breve).

Precisava soda cáustica e hidroquinona para fazer meu revelador preferido para papéis antigos. A soda achei no Leroy Merlin, a Hidroquinona veio de uma loja de fotografia analógica na Bélgica.

Nesse tempo todo fiquei pensando em quão improvisados eram meus primeiros laboratórios e de como fui ajeitando e fazendo as coisas ao longo dos anos. Tive laboratório de 1992 a 2019 e voltar a ter as coisas “do jeito que dá” é mesmo libertador.

Durante esses últimos quatro anos eu sonhava com meu último laboratório e todos os luxos e conveniências que eu tinha nele. É difícil reprogramar a cabeça para funcionar num espaço tão improvisado, mas parece que vai ser divertido.

Já estamos em pleno Outono e acho que não vou conseguir usar esse laboratório tanto antes da Primavera, mas vou indo e vou vendo.

O primeiro papel que decidi experimentar era um envelope quase vazio de Kodabromide W2 com aparência dos anos 1980.

Serviu pelo menos para mostrar que tudo funcionava. A imagem apareceu em foco, o revelador funcionou e não houve velatura grave. Minha ideia, por mais incrível que pareça, deu certo. As lâmpadas de vapor de sódio da rua de trás do prédio iluminam dentro da garagem, mas não velam o papel. Os carros que passam não deixam a garagem clara demais por tempo demais.

A primeira imagem feita nessa laboratório, manchas pequenas de onde os pedacinhos de hidroquinona mal diluída encostou no papel, velatura da idade pela borda da folha. Os imãs do marginador não deixaram sombra!

Ainda fiz mais uma tentativa com esse mesmo papel, mas não consegui resolver a questão do véu. Resolvi testar outro papel. Esses envelopes de Ilford Galerie em que a palavra “Galerie” está carimbada na etiqueta, são os primeiros a chegarem no Brasil. Isso deve ser de 1992 ou 1993.

Sempre tive muito sucesso com esses lotes bem antigos de Galerie. Esse não foi muito diferente. Com o mesmo revelador consegui uma imagem mais contrastada, mais pretos e menos véu. A base ficou bem cor creme.

Mas pequenos detalhes entregam a vida pregressa dessa folha.

Uma digital aqui, uma mancha ali.

Esse dia meus pensamentos ficaram em torno do que ainda vale a pena fazer num laboratório p&b. Existem tantas coisas hoje em dia que se resolvem mais facilmente com um arquivo digital e a impressão em carbono. Usar esses papéis antigos e lhes dar oportunidade de intervir no processo é algo que ainda faz sentido para mim.

Festival de Fotografia Experimental em Barcelona EXP.23 • Um terreno ainda muito fértil

Logo que cheguei a Barcelona dessa vez corri para ver o que é um Punto Verd. Esses pequenos galpões, um em cada bairro, são locais onde as pessoas levam seus recicláveis mais complexos para ganhar uma nova vida.

Isso deixa muito pouco para os artistas encontrarem na rua, é verdade, mas a cidade fica mais limpa e alguns itens mais complicados ganham o tratamento correto. Isso é importante para o planeta.

E à porta de cada Punto Verd fica uma pequena estante para livros que podem ser retirados gratuitamente.

Ainda assim, vi alguns itens deixados do lado de fora das grandes lixeiras, alguns até com bilhetes, os espanhóis fazendo a coisa circular antes da reciclagem.

Reduzir, reaproveitar e reciclar (só no fim).

Depois passei pelo centro cultural onde rolava o festival e retirei meu crachá e outras coisas que eu precisaria para os próximos dias. Dali corri para a praia e refresquei minhas ideias. Estava muito pensativo. Tinha separado uma série nova de trabalhos para mostrar para algumas pessoas.

Essa série eram fotos que eu vinha fazendo em Portugal desde que cheguei. Entitulei o trabalho Aqui. Aqui é uma palavra muito usada pelos imigrantes, você pode imaginar porque.

Para acompanhar essas imagens, escrevi isso aqui:

“Immigrating upends life, resetting it. Often driven by a need to escape, it necessitates leaving behind dreams or paths that were already abandoned due to circumstances. Personally, I left my home country due to financial struggles and the disruption of my life path. While choosing to immigrate I accept these losses, the works I present here symbolize both a new beginning and a reminder of what was lost. In this new place, rebuilding seems daunting, so I make do with limited resources. What’s lost will remain lost. O que foi perdido, foi perdido. O que importa é o aqui e agora, e está pela frente.”

Acho que você também pode imaginar como foi dolorido escrever isso e olhar para essas imagens dessa maneira depois desses 4 anos nessa aventura. A edição era enorme, tinha 24 imagens, várias versões de algumas, para que esse crivo pudesse dar origem a algumas escolhas. O texto também tinha uma parte que era teste, não era algo definitivo, tinha minhas dúvidas ali.

Mas tudo bem, pensei um pouco mais e continuei, porque seria uma semana intensa.

O primeiro workshop que eu ministrei foi uma versão do Armadilhas para o Acaso. Ao invés de 4 encontros, fizemos em um único encontro e pude usar um laboratório, logo explorei isso no exercício que fizemos juntos.

Usamos diversas maneiras para velar papel antes de usar, com a intenção de criar uma nuvem preta/cinza sobre a imagem.

O workshop seguinte foi o clássico Construção de Câmara Digital Artesanal, com direito a uma apresentação da história do scanner no início.

E no sábado dei uma conferência sobre impressões únicas ou como desafiar a noção de reprodutibilidade mecânica.

Depois encerrei a semana na praia, refletindo sobre as coisas que vi e vivi. Voltei cheio de ideias, mas também sabendo que iria dedicar meu tempo a minha família, a minha nova cadelinha e ao meu emprego e que esse post levaria muito tempo para ser publicado.

Sony a3000 e objetivas de aparelhos

No último post contei um pouco dos primeiros experimentos com a Sony a3000. Depois disso fui atrás de maneiras de adicionar a ela algumas objetivas de aparelhos estranhos que eu tinha guardadas comigo.

A primeira objetiva era uma objetiva sem marca, mas que eu acho que foi tirada de um scanner Scitex Smart 340. A distância focal está ali perto dos 30mm, mas não tenho certeza também.

Usando os desenhos do Rodrigo Silva (disponíveis aqui) e com impressão do Jaerder, colei essa objetiva num mount com helicoidal para M39.

Ficou quase uma objetiva normal para APS-C, ainda tenho que testar um dia em full frame e ver se cobre. O plano focal é bem plano e a performance em infinito é OK, mais ou menos o que se esperava se uma objetiva desenhada para fotografar um documento tamanho A3 com um sensor pequeno.

A outra objetiva que eu testei foi uma Polaroid 36.6mm tirada de um Palette, um dispositivo para imprimir imagens digitais em filme 35mm, ao contrário da primeira essa provavelmente foi desenhada para conversões 2:1.

Fiz uma montagem bem simples para essa, uma tampa de corpo comprada no AliExpress e um pedaço de K-Line (Gator Foam). Furei o suficiente para a objetiva entrar no buraco e depois ao rodar a objetiva ela mesma fez uma rosca temporária no K-Line.

O foco no centro do quadro é muito bom, mas nos cantos a imagem “escorre” para fora, evidência de um design muito específico para uma determinada aplicação.

Essa daqui ainda falta tentar rosqueada de trás para frente para ver se muda alguma coisa ou se fica ainda mais interessante.

Sony a3000 e objetiva Risespray 25mm

Sempre estive de olho nesse corpo Sony. Ele é o corpo mais barato com a baioneta E e tem um sensor de tamanho APS-C com 20MP com uma qualidade de imagem superior a de vários modelos mais caros.

Há vários anos que vendi a minha Sony A7s, mas guardei os anéis adaptadores que juntei ao longo dos anos. Queria um dia voltar a aproveitar a facilidade de adaptar objetivas diversas para essa baioneta. E apesar da diferença de tamanho do sensor, as duas câmaras compartilham a mesma baioneta.

Outra coisa que eu queria muito explorar são as objetivas super baratas que aparecem à venda no AliExpress para o sensor APS-C.

Um dia, durante a pausa do jantar no trabalho, um colega comentou do site MPB de compra e venda de equipamentos de fotografia digital e de vídeo. Criei uma conta, criei um filtro/alerta e comecei a ficar de olho nas a3000 que apareciam ali. Do outro lado coloquei uns anúncios em grupos de discussão com uns itens à venda em preços mais que camaradas. Queria levantar uns 120€ e pode comprar uma a3000 com uma 25mm dessas.

Não demorou muito tempo. Depois que a câmara chegou, toquei a usar com a 24mm Nikon enquanto a Risespray vinha da China. Custei a me entender com os menus. Ainda aperto os botões errados quando quero usar o zoom instantaneamente para focar ou coisas do gênero.

O EVF dessa câmara é sofrível, mas configurar os JPEGs para PB e fotografar em RAW ajuda muito. Assim o EVF fica PB e facilita imenso focar manualmente e enquanto temos imagens RAW coloridas sendo salvas no cartão.

Mas dai a lente chegou da China e a diversão começou. A lente 25mm nesse corpo é como uma 35mm num corpo full frame.

Primeira coisa que percebi na objetiva é que seu diafragma tem muitas lâminas e o desfoque é incrível em diversas aberturas. Toda aberta, o vignette que a objetiva dá é muito peculiar e tem até um swirl effect nas fotos em close-up.

O sensor da a3000 ajuda muito na hora de recuperar highlights. É um prazer trabalhar as fotos depois.

Com o diafragma fechado em f/11 ou f/16, a objetiva se comporta com uma lente moderna, foco até os cantos, muita definição.

No entanto, a objetiva se sobressai ali entre f/2 e f/2.8, com o foco só na região central, um vignette leve.

Combina bem com um dia de verão seco da península Ibérica, tão bem como um vinho verde bem gelado.