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Carlos Moreira no Foco Crítico

Carlos Moreira nos deixou no início de Junho de 2020. Naquele dia, acabei compartilhando de bate-pronto esse vídeo pelo Facebook, uma breve entrevista no Foco Crítico em que falamos das cópias da exposição no Valongo em 2016.

O vídeo é uma rara oportunidade de ouvir ele falando sobre as cópias que ele produziu nos anos 80, suas preferências de papel e tamanho de cópias.

Estratégias para papéis velhos • Lith Printing

Dentro os diversos papéis que eu guardei nos últimos anos existem alguns muito interessantes que foram ficando cheios de marcas e mofos. Acho que existem 3 estratégias principais para reaproveitar esses papéis e são elas:

• adicionar brometo de potássio ou benzotriazol ao revelador usado num processo normal de revelar papéis (por exemplo: Dektol, stop e fixador), a mais simples e com pior resultado;

• utilizar um revelador diferente que dê menos véu de base em papéis, lith print entra aqui, já que o revelador de chapa litógrafica dá menos véu e ele substitui o Dektol, por exemplo. Outros exemplos aqui e aqui. Não tão simples, com resultados interessantes, mas nem sempre os melhores;

• superexpor a cópia, revelar normalmente e depois rebaixar a cópia com Farmer’s, por exemplo. A superexposição serve para garantir os pretos depois do rebaixamento. A mais arriscada, com os melhores resultados.

Mas vou falar um pouco sobre o lith print hoje, contar alguns detalhes e linkar artigos anteriores que tratam desse assunto.

Diferentes papéis dão diferentes tons com lith print. Diferentes reveladores também! Existe uma infinidade de reveladores que se prestam a isso, em geral eles têm apenas hidroquinona como agente revelador e a quantidade de sulfito é ajustada para permitir a revelação infecciosa, já falei disso antes e não foi só essa vez.

Alguns papéis estão tão velhos que as manchas aparecem não importa o que se faça, outros não tão velhos acabam ficando com cara de novos, apenas com um tom mais quente que o normal.

Cheirando a vinagre II

Fui adiante com a idéia de usar o filme esquisito.

Fotografei uma série de coisas com linhas retas, duplas exposições e tudo mais. Revelei tudo em DK-50 1:1, 8 minutos a 24C.

O filme já começa a secar e já está tentando se retorcer. O cheiro está ficando mais e mais forte depois que tudo saiu da geladeira.

Enrolei tudo, antes mesmo de olhar o resultado e coloquei num pote plástico para alimentos. Embrulhei isso em filme plástico, para segurar a tampa no lugar mesmo com a pressão interna crescendo. E vamos ficar de olho, ver quanto tempo leva para enrrugar tudo.

Papel Talbot vermelho

Papéis fotográficos velhos têm características interessantes e algumas dificuldades a mais no processamento, tais como véu de base e baixo contraste.

Um revelador normal, com Metol, ressalta os problemas desse tipo de material fotossensível.

Recentemente usei um papel estranho da Talbot (Uruguai) que tem base com tom vermelho.

Não sei onde vi, mas anotei uma fórmula do revelador Kodak D-64b que é a seguinte:

Sulfito de Sódio 33,8g (aprox. 5 colheres de chá)

Hidroquinona 19,2g (aprox. 2 colheres de sopa)

Carbonato de Sódio 26,9g (aprox. 2 colheres de sopa)

Brometo de Potássio 2,4g (aprox. 1/2 colher de chá)

Água para 1 litro.

A hidroquinona desse revelador não está muito protegida e ele logo se oxida. É fazer, usar e tchau. O papel Talbot levou entre 6 e 8 minutos para revelar totalmente nesse tanto de Brometo, mas o resultado foi ótimo. A diluição foi 1:1.

Algumas lições reaprendidas: a agitação inicial na revelação de papel é importantíssima, para uma cópia sem manchas, mesmo com um tempo bem longo de revelação. Vacilei numa e mesmo depois de 8 minutos a cópia ficou manchada. Outro detalhe é olhar a tira de teste sempre depois de fixada. Às vezes tenho preguiça e olho no interruptor, com esse papel a imagem muda muito em relação ao fundo ao chegar no fix.

Um opção de revelador que vai durar mais na bandeja é o Ansco 81, que tem ácido cítrico para conter ainda mais oxidação da hidroquinona. Mas note como ele é muito mais concentrado!

Sulfito de Sódio 55g

Hidroquinona 35g

Carbonato de Sódio 80g

Ácido Cítrico 5,5g

Brometo de Potássio 10g

Água para 1 litro.

Ventilação do Lab

Uma adição esperada para o lab: mais ventilação e uma passagem entra e sai sem entrada de luz.

O ventilador é super potente e barulhento (mas vai dar conta do cheiro do selênio!) e é sobra das reformas na processadora Colex. Os pedaços de compensado sustentam os tecidos pretos da próxima foto.

Ilhós, ilhóses, palavrinhas bonitas, né?

Laboratório da Tabapuã #1

No idos de 2004 fotografei o meu laboratório na época para um revista inglesa especializada em preto-e-branco. Já não tenho mais esse laboratório, nem metade das coisas, fui doando meus ampliadores para outros interessados, o espaço foi minguando. Mas encontrei as fotos hoje e resolvi comentar algumas coisas.

O lado seco era esse. Uma bancada com os ampliadores menores e uma mapoteca com os dois maiores sobre ela. O lab era totalmente branco, a luz de segurança ao invés de direta, era rebatida do teto, o que a tornava mais fraca, mas dava menos sombras, demorava mais para se acostumar, mas funcionava melhor para mim e não velava os papéis. O pequeno armário no chão era um caixote com 4 rodas e ia para onde ele fosse necessário.

O banco é extremamente útil para esperar o ampliador fazer o lance dele. Os ampliadores eram os seguintes: dois Durst (M605 Color 6×6 e M800 6×9), um Omega D5 4×5″ e um Elwood 5×7″. O Elwood é um ampliador bem antigo, não funciona nem por difusão nem por condensação. Ele possui um refletor de metal que foca a luz no negativo através de um vidro despolido que funciona como um filtro anti-vignetting. As prateleiras no canto esquerdo, sobre a mesa guardavam as lentes e livros de referência. As prateleiras guardavam os papéis – é possível que apenas umas duas caixas desse papel todo estivesse ainda na validade. Do lado direito a porta que dava para o resto do ateliê.

Virando para a esquerda um detalhe da janela com o fechamento de madeira compensada (um Ventokit instalado nas placas que fecham a janela não era o sistema de exaustão ideal, mas resolvia). Para esquerda começa a parte molhada.

Um pedaço da parte molhada, as lâmpadas voltadas para o teto. Um gaveteiro ao fundo guarda os tanques de revelar filmes, na prateleira os químicos e mais um carrinho/caixote sobre a bancada.

E por fim a parte ainda mais molhada, garrafas com químicos, bandejas e um pequeno tanque daonde vinha toda a água usada. Encostados na parede, sobre a bancada, ficavam placas de polietileno e de acrílico com as receitas e anotações mais usadas no lab, era um jeito de organizar a informação para leitura no escuro, rapidamente, mesmo com as mãos molhadas.

Diafilme

Em 1997 fui a Curitiba por conta de uma matéria de jornal. Tive um fim de tarde livre e sai para passear ao redor do hotel. Achei uma lojinha muito interessante de fotografia com coisa que não via em São Paulo. Aquilo ficou guardado.

curitiba

Estive por lá no fim da semana passada e tentei repetir o trajeto do passeio, reencontrei a Diafilme Materiais Fotográficos perto da Pça da Ordem, ali na Travessa Nestor de Castro, 255 loja 08. Para minha surpresa a loja ainda mantem alguns apetrechos para laboratório nas suas prateleiras e também alguns papéis fotográficos difíceis de achar por aqui.

Roletes da Colex

Dentro da processadora existe uma série de roletes. Eles servem para fazer o papel passar de uma ponta da processadora até a outra, entrando e saindo dos diversos banhos químicos que ficam ali aguardando o papel.

roletes

A esquerda um rolete danificado na extremidade, onde falta o eixo em aço inox. A direita um que apesar de usado ainda está completo. O eixo de inox além de cair ainda deixou um tanto de químico entrar para dentro da estrutura do rolete, e tem um tanto de ferrugem que se criou lá dentro. Primeiro então enchi o espaço dentro do rolete com Ferrox (que reduz a ferrugem) e deixei agir. Agora ele está secando na janela, vou deixar isso rolar por uns dias antes de usar araldite para colar outro eixo de 3/16″ de polegada no lugar do antigo. Na falta de aço nessa especificação resolvi improvisar o eixo com um pedaço de broca de furadeira que perdeu o fio.