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ISO Alto

Laforet disse tudo “o 6400 é o novo 1600, talvez até o novo 800”, com a tranquilidade de quem diz que o cinza é o novo branco.

A nova câmara Canon 1D Mark IV de 16MP, como a Nikon D3s de 12MP, ambas ainda em pré-produção vão levar o ISO até a marca dos 102.400.

Laforet colocou online um filme produzido em ISO 6400, para testar a Mark IV, continuação do vídeo que ele produziu com a 5D MkII logo que ela apareceu. Gralbraith também fala da câmara. E o Digital Photography Review já deu a notícia.

O site da Canon tem algumas imagens, samples, mas nada feito em 102.400, que era justamente o que eu gostaria de ver. No mais, imagino que de agora em diante nem adianta se esconder no escuro.

Custo por foto, antes e agora

A história de hoje começou em 1993. Em janeiro desse ano meu pai me deu uma Nikon FM2. Tenho essa câmara até hoje. Ela funciona até hoje. Em 1999 ela teve um pequeno problema com a alavanca de rebobinar o filme, consegui a peça e troquei eu mesmo, comprei pelo correio de uma loja em Chicago. O preço do conserto na autorizada aqui no Brasil era proibitivo. Cheguei a comprar um livro xerocado, manual de reparos da fábrica para a FM2, mas ele nunca mais foi necessário. Aqui, a única página que eu cheguei a usar até hoje:

fm2manual

A peça 561 quebrava bastante e foi bem fácil de conseguir. Quebrava porque a câmara batia em algo, veja bem.

O tempo passou, comprei uma segunda FM2, depois uma Nikon 8008s, que também me acompanhou durante muito anos. Juntas as três câmaras fizeram todas minhas imagens nos anos 90. Sem sustos.

A FM2 custava 479 dólares e a 8008s custava 589 dólares, lá na B&H (vou usar o catálogo da B&H como fonte de valores nesse post, para evitar diferenças em função de impostos, taxas de revenda, margem de importador). Como a FM2 ainda está comigo depois de 16 anos, ela custou 30 dólares/ano (480 dividido por 16).

Mas esse paradigma acabou, se foi, não volta mais, já era, nunca mais.

Em 2003 comprei minha primeira digital séria, uma Canon 10D, foi difícil trocar para Canon, mas na época a Nikon D100 deixava muito a desejar, na qualidade da imagem, no lento processamento dos RAWs. Junto com a 10D adquiri um cartão de 256Mb.

cfcards

E foram muito cartões, antes e depois de 2003. Cartões CompactFlash sempre. Depois vieram os de 4Gb e 8Gb… Que custaram mais barato que esse de 2Mb ai em cima.

A 10D custava 1500 dólares na B&H, ainda funciona, são 6 anos comigo, por enquanto 250 dólares/ano (1500 dividido por 6). A 10D precisou de duas limpezas de CCD durante esses 6 anos, limpezas que eu mesmo fiz.

Quando a 10D fez 5 anos, alarmado pelas notícias ao meu redor de que essas câmaras não durariam mais que algumas mil fotos, depois que o grip da 10D empacotou e cansado da demora que é esvaziar o buffer depois de travar após 9 fotos em RAW, adquiri uma Canon 40D.

A 40D custava 1000 dólares na B&H, está há 1 ano comigo, por enquanto 1000 dólares/ano (1000 dividido por 1). E está hospedada na autorizada aqui em São Paulo, o Namba. O obturador morreu, segue um detalhe do orçamento que recebi deles:

Picture 1

O orçamento do Namba acusa o número de imagens feitas com a câmara: 49493. Fui atrás da nota fiscal, a câmara tem 1 ano, 1 mês e 10 dias comigo. ou seja, não há mais garantia. No DPreview a durabilidade estimada do obturador da 40D é de 100.000:

Picture 2

Mal chegou à metade. Coisas da vida. Ou melhor, eis um novo paradigma. Serve para reencontrar bons amigos nas visitas cada vez mais frequentes à autorizada. Quem tem uma lente Canon com IS também vai sofrer com isso o conserto é mais caro que o do meu obturador. Obsolescência planejada na Wikipedia, vale a pena conferir o subtítulo Fair Trade. Um outro texto a respeito. Idéias.

Isso tudo me colocou em busca de uma substituta para minha 40D, caso o conserto dure pouco, preciso ter um backup adequado. Comecei pelo próprio DPreview lendo sobre a 50D. Fui atrás de mais informações sobre o sRAW1 da 50D, sobre o controle de ruído nele, etc e tal.

Achei esse post de Roland Lim, muito interessante. Mas não foi suficiente. Acabei indo parar num site muito curioso chamado Canon Rumors. Lá já há muita falação sobre o que será a “60D”. De tudo que li, captei uma coisa bem simples, todos aquele cartões Compact Flash nos quais investi tanto dinheiro serão completamente inúteis, tudo aponta para os cartões SD.

Dentro desse site encontrei um página onde é mantida uma tabela de preços e estimativas de substituição de modelos, vale a pena consultar antes de comprar.

Retomando a idéia dos valores anuais e etc, pensei em uma comparação, escolhi uma câmara popular entre os profissionais, a 5D Mark II, e um tipo de trabalho também popular, a fotografia de casamento, pesquisando sites fica claro que uma 5D Mark II pode ser adquirida por um fotógrafo norte-americano em uma loja local com metade do que ele ganha fotografando um casamento grande. Aqui no Brasil a situação é outra, um bom fotógrafo vai precisar juntar todo o faturamento obtido com 2 a 4 casamentos grandes para ir ao centro da cidade deixar 10mil reais e adquirir a mesma câmara.

Bom, o digital não barateou em nada a fotografia. Os impostos de importação não ajudam em nada a nossa situação, a desunião dos profissionais não ajuda. E a concorrência por preço os coloca em uma desvantagem terrível em relação à aquisição de equipamento fotográfico.

Minha intenção não é entrar tanto no mérito da fotografia profissional, mas de fato, essas são as pessoas que mais sofrem com esse novo paradigma. E ao mesmo tempo essa é a classe que poderia lutar contra essa situação de importação e etc, facilitando a aquisição de equipamentos aqui em Terra Brasilis.

Já a obsolescência planejada é uma outra história, de terror. Bens mais duráveis ficarão mais tempo fora da lata do lixo, de diga-se de passagem não é um buraco sem fundo. Forçar esse ciclo de consumo, anual, é muito barra pesada por parte da indústria (Flusser tinha razão). Trocar de equipamento em busca de vantagens (qualidade, resolução, etc) é uma coisa, ser forçado porque o equipamento é mal feito, ou feito para quebrar, é outra. E assim, se eu for forçado a adquirir uma outra câmara, provavelmente serei forçado a adquirir outro computador, e por ai vai…

Scanner com DSLR, objetivas

Hoje cheguei ao estúdio e percebi que havia esquecido minha lente macro em casa. Tinha que fazer algumas reproduções de negativos 35mm e sem ela seria complicado. De repente me ocorreu que eu tinha o fole comigo e a lente de ampliador nele adaptada. Mas essa montagem gera imagens de 1:1 para mais e para reproduzir negativos 35mm com uma digital com crop 1,6x não funciona, ou seja, eu precisava algo em torno do 2:1. Vasculhei uma gaveta, achei tubos de extensão, uma 135mm da Contarex, não ia dar certo. Dai me ocorreu pegar uma lente de scanner e adaptar no próprio fole, para ficar mais próxima ao CCD do que a lente do ampliador, não deu certo também, mas acabou encaixando dentro de um tubo de extensão que preso a outro mais curto deu o resultado desejado. Os tubos e o fole são para Nikon, um adaptador que eu construi para colocar as lentes da Nikon na Canon foi necessário e fui em frente.

lentes

Quando o aparelho simplesmente não quer

Blá blá blá.

O mico de comprar uma 20D, 30D, 40D ou 50D e não conseguir tirar fotos:

No google, no flickr e no Youtube.

É a vida…

Autofocus

Olhando os testes que o Rob Galbraith fez com a Canon 1D Mark III ficou claro para mim que a questão do foco vai longe. Basta dar um google no nome dele junto com o da câmara para ver o quanto isso foi discutido por ai.
O fato é que todo mundo esperava que o autofocus da Mark III fosse melhor que o da Mark II, mas não é ele constatou, por várias razões. A primeira é um vacilo, uma peça do conjunto do espelho que quando quente se deforma e causa um erro constante no foco. A segunda é um problema que não deveria ser problema. O foco da Mark III parece rápido demais, assim coloca Galbraith. Ou seja, o foco segue movimentos que não deveria seguir porque é capaz de seguí-los e isso é um problema. Um atleta correndo na pista, a 50 metros do fotógrafo que tem uma 400mm/2.8, a mão do atleta passa pela frente de seu torso durante a corrida e imediatamente o foco vai para mão, saindo do rosto do atleta. É impressionante, são páginas e páginas que Rob Galbraith escreveu contando todos os testes que fez com a câmara. As câmaras anteriores simplesmente não capturam variações tão rápidas da cena, a ponto de mudar o foco para a mão do atleta como no exemplo que ele mostra.

Daonde eu deixei no último post.
A maioria dos que tinham e usavam médio formato já compraram suas “35mm digitais”, por falta de opção ou por falta de orçamento. O que eles vão fazer agora? Será que esse mercado de “médio formato digital” vai ser tão grande assim? Será que vão conseguir dividir o mercado novamente? Será que a Canon vai deixar, abandonar o chip de 16.7 MP ou seu sucessor ainda maior? Será que quem comprou backs digitais de 10 ou 20 mil dólares há um tempo atrás acha que se deu bem e pretende continuar investindo pesado no digital? Será que a Mamiya consegue lançar a ZD algum dia, a um preço que faça os fotógrafos voltarem a ter médio formato, equivalente ao da 5D, por exemplo?

Lendo artigos da década de 90 que A.D. Coleman escreveu sobre essa revolução digital na fotografia, percebo que tanto ele, naquela época, como nós, agora, não fazemos a menor idéia do que pode estar pela frente.
No dpreview está no ar um roundup da PMA. Basicamente foram lançadas 110 câmaras digitais nessa feira e nenhuma delas trouxe alguma inovação digna de nota. Finalmente há um consenso entre os fabricantes de que a luta por mais e mais MP não leva a lugar nenhum além da falência, é uma pesquisa muito cara e tem sempre a possibilidade de alguém chegar lá antes de você.
Na Photokina de 2004 a Mamiya anunciou a ZD de 22MP, a câmara existe, está no site da B&H desde então e até hoje não tem preço certo nem é vendida por eles. O fabricante esperava vender a câmara por um preço muito alto e agora tá tudo encalhado. Os clientes da Mamiya provavelmente já compraram suas Mark II há muito tempo.
No mundo dos processadores também houve um cessar geral de pesquisas e hoje se pensa mais em juntar dois processadores do que desenvolver um melhor. Assim é a Mark III da Canon, com dois processadores DIGIC III, no lugar do que deveria ser um DIGIC IV que não existe ainda e talvez nunca venha a existir.
A Mark III com apenas 10MP (ao contrário da antecessora com 16MP) leva a crer que essa resolução é o suficiente para uma “35mm digital” e que resoluções maiores ficaram a cargo de “médio formato digitais”. Seria esse o consenso?