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Filme gráfico em formato 120 • rebobinando um pouco mais

Ainda tinha um outro rolo de filme gráfico guardado, não sabia e ainda não sei exatamente qual. É da IBF, mas pode ser PSD ou UR, enfim…

Usando meu gabarito cortei mais de uma centena de tiras de 6x84cm, sobrou esse pedaço acima do miolo do rolo, que em geral está marcado pelo papelão, então ok descartar. Com o auxílio da luz de segurança a operação de corte é mais fácil, já pesquisei a luz correta para usar com o filme infravermelho, mas ainda não fiz um teste de fato com o tal LED verde.

O gabarito ficou muito bom mesmo, as tiras carregam na espiral facilmente. É importante também manter o pulso firme e o estilete no mesmo ângulo ao cortar a tira.

Ao longo de uma semana fui rebobinando essas tiras em papel 120 usado. Deixei duas tiras expostas numa sessão enquanto rebobinava outros filmes, assim pude saber quão ruim era o efeito da luz de segurança para esses filmes. Quinze minutos deixou um véu suave, nada dramático, mas afetou a imagem.

Abaixo um filme sem velatura e o filme que ficou 15 minutos exposto. O teste foi com um tempo muito longo, mas algumas tiras entraram e sairam do saco preto a semana toda, cumulativamente receberam bastante luz.

Ainda não sei se é PSD ou UR, mas pouco importa, exposição e revelação parecem muito próximos do outro rolo que rebobinei.

Filme gráfico em formato 120 • Ampliação

Logo que eu vi os contatos desse filme me encantei com essa imagem. Há uns 9 anos eu tentei fazer a mesma imagem em 8×10″, mas encontrei umas dificuldades com o filme colorido que eu usava na época. A exposição de 1 segundo garante que a espuma das ondas quebrando nas pedras vire uma massa branca, no filme de 2009 isso não ficou tão interessante.

O filme de 2019 em si trouxe algumas marcas e pequenos mofos que ficam mais visíveis na cópia de 80x100cm. O contraste exacerbado do filme ajudou o papel dos anos 80, o revelador que eu misturei também, uma variação do GAF 110 com menos sulfito, para arriscar um pouco de revelação infecciosa. Não apareceu tom de lithprint, mas ficou bem frio como Kodabromide deve ser, apesar de ter apenas hidroquinona no revelador.

Para projetar a imagem enorme, deitei a cabeça do ampliador numa prateleira e prendi o papel na parece oposta com clipes fortes!

Revelei na calha e o tempo longo da hidroquinona sozinha foi bem proveitoso para evitar excesso de manchas.

Nessa segunda imagem expus o papel ainda mais, cortei o tempo da revelação um pouco também, as bordas das áreas escuras parecem mais o efeito do lithprint, ou seja, houve mais revelação infecciosa.

Ainda falta o refile das bordinhas, acertar as cópias no esquadro, mas para um papel vencido há 30 anos, ter detalhes em branco já é uma vitória enorme.

Filme gráfico em formato 120 • primeiras imagens

Em agosto de 2018 eu contei como rebobinei filme gráfico PSD da marca IBF em bobinas de filme 120 para usar em câmeras de médio formato.

Bom, aproveitei o início do ano para fazer alguns testes com esse filme. O PSD é um velho conhecido, era muito usado pela turma da faculdade para fazer internegativos de imagens que seriam copiadas em processos históricos (cianotipia, marrom van dyke, por exemplo). E esse rolo era daquela época!

Eu já sabia que na luz do dia o ISO 6 seria uma boa escolha. Nos anos 90/00 nós revelávamos o PSD em Dektol diluído 1:6 ou 1:12 numa tentativa (muito ruim) de conter o contraste inerente à emulsão com materiais fáceis de encontrar.

De lá para cá eu fiquei sabendo da fórmula do Soemarko LC-1 no livro do Christopher James. Quer bisbilhotar a fórmula, ela é discutida nesse post aqui.

Graças à possibilidade de acender uma luz vermelha durante a revelação, eu pude acompanhar o aumento da densidade e quando achei que estava bom passei o filme adiante para o interruptor.

Como eu mostrei no post de agosto, o filme estava guardado em local úmido e ficou colado em si próprio em alguns pontos. Quando isso ficava claro durante o processo de rebobinar, eu marcava a bobina com um asterisco, para referência na hora da foto.

O que eu não pude ver na luz vermelha enquanto rebobinava eram os pontos de mofo no filme que ficaram evidentes após o processamento, lindos!

Testes • Kodalith 6556

Kodalith é um grupo de filmes para artes gráficas produzidos pela Kodak. Já usei alguns diferentes, como o pancromático 2568 que eu descrevo aqui nesse post. O 6556 é um filme ortocromático e vem embalado em bobinas de 35mm x 30.5 metros. Todos os filmes são de alto contraste.

Para controlar esse contraste e tornar o filme viável para fotografia existem uma série de caminhos possíveis. Vasculhando na web descobri um figura que revelar o 6556 em Rodinal 1:100, semistand por 20 minutos. Usei esse tempo para esse primeiro rolo e foi possível escanear normalmente no Pakon.

O efeito de bordas foi um pouco exagerado, como se pode ver ao redor dos canos escuros da fotografia acima, parece que alguém aplicou um unsharp mask excessivo por descuido. Já as texturas, como das paredes descascadas acima e abaixo.

O resultado obtido com o Parodinal de fato é interessante como um bom balanço entre alto contraste e detalhes nas texturas. Num teste futuro pretendo descobrir como essa combinação representa a pele.

Filme gráfico em formato 120

Em junho do ano passado eu já tinha começado a investigar na possibilidade de colocar filme gráfico (filme para imagesetter infravermelho) em bobinas de filme 120 para usar em câmeras de médio formato. A idéia era experimentar esse filme desconhecido de uma maneira que fosse mais fácil controlar a questão do foco da luz infravermelha.

Tive um sucesso inicial ali, mas depois acabei não tendo tempo de fazer mais bobinas com aquele filme e o projeto ficou de lado um pouco. Essa semana me deu vontade de continuar quando lembrei que tinha uma ponta de um rolo de um outro filme gráfico, o PSD da Indústria Brasileira de Filmes (IBF). A única diferença aqui é que eu poderia usar a luz de segurança enquanto cortaria o filme com estilete, mas acho que isso faria toda a diferença.

E fez, em uma noite consegui fazer 29 rolos de filme 120 a partir de aproximadamente 5 metros de filme PSD de 35cm de largura com manchinhas e alguns problemas causados pela umidade. Agora vou estudar uma maneira de fazer isso com o filme infravermelho, parece que uma luz verde pode ser usada com ele.

Filme gráfico infravermelho

Há uns anos atrás um xará meu me deu de presente uns rolos de filme para Imagesetter infravermelhos. O que é isso?

Bom, Imagesetters eram máquinas que cuspiam fotolitos prontos a partir de arquivos digitais. O conteúdo do fotolito era gravado no filme com lasers, dependendo da máquina o laser era de uma determinada cor, algumas máquinas usavam laser infravermelho.

Bom, ok. Fui pesquisar e vi que chegou a ter gente que cortou o filme e carregou em máquinas fotográficas de grande formato, mas a informação não ia muito adiante. O tempo foi passando e a cabeça matutando como experimentar esses filmes.

Existe um problema com filmes IR que é a compensação do foco, já que nossos olhos usam a luz visível para focar a lente e o IR acaba focando em outro lugar. Como as câmeras de médio e pequeno formato em geral tem uma marquinha que indica a compensação, achei por bem pensar numa maneira de experimentar nelas.

Dai esse post no Emulsive em março reavivou todas essas idéias. A principio imaginei algo bem mais simples, até para saber em que estado está o filme e como ele vai se comportar com os reveladores de que disponho.

Logo fiz um gabarito para cortar pedaços de 6x83cm em acrílico e no escuro total cortei alguns pedaços de filme nesse tamanho e carreguei em bobinas e papéis 120 recuperados.



Esperei o Sol de manhã de domingo para testar os filmes. Com a Pentax 67 sobre um prédio, expus dois rolos, cada um retirado de um rolo maior de filme, para avaliar o estado dos dois e a possibilidade de usar eles. Instalei filtro vermelho tanto na 105mm como na 55mm. Comecei ambos os rolos com 1/125 de segundo e f/8, abri um ponto a cada foto e terminei com 1 segundo em f/4, ou seja de ISO 100 a ISO 0.18 se estivesse pensando em termos de luz visível, que não é o caso. Fica apenas a indicação de um Sol das 10h da manhã num dia de inverno.

Misturei uma fórmula do Dave Soemarko para obter negativos de tom continuo a partir de filmes litográficos. Pensando que o filme deveria ter bastante contraste e que seria necessário domá-lo. Por outro lado o LC-1b reduz muito o ISO do filme e isso seria um problema caso o filme já tivesse um ISO muito baixo.

Filtro vermelho e LC-1b conjugados formam uma aposta difícil.

Revelei o filme #1 (obj. 105mm) com o LC-1b diluído 1:10 a 20C e durante 10 minutos com agitação continua (filme da esquerda na foto). A imagem de ISO 0.18 ficou visível mas ainda subexposta e/ou subrevelada, existem alguma alternativas: diluição menor (1:5 ou 1:6), experimentar sem o filtro vermelho e ver se o filme responde ao resto do espectro.

O filme #2 (obj. 55mm) foi revelado com Dektol solução de estoque por 5 minutos nos mesmo 20C. A imagem em ISO 3 ficou bem parecida com o fotograma ISO 0.18 do LC-1b, já o fotograma em ISO 0.37 ficou razoável, apesar dos poucos detalhes nas baixas luzes e do contraste exacerbado. É o fotograma que aparece escaneado abaixo, o céu azul aparece negro, as sombras dos prédios perderam todos os detalhes.

Sobraram ainda 5 rolos para testes, estou pensando em tentar melhor o LC-1b, aumentar a concentração, tentar melhorar um pouco a densidade em ISO 0.18 ou abrir mão do filtro vermelho. No balanço, apesar do corte dos filmes não ficar primoroso, eles correram bem pela câmera e carregaram bem na espiral, soltaram um pouco durante o processo, mas nada grave.

Apareceram algumas manchas na imagem, talvez o filme tenha ficado manchado pelo mofo ou pelo tempo guardado, indo mais para o meio do rolo deve ajudar.

Pesquisas

Recentemente numa conversa com o Claudio fui reapresentado ao conceito de aceleração de filme colorido, acabei me lembrando de outra coisa que eu sempre quis fazer que era revelar os filmes cromos como p&b para obter negativos e falamos disso um pouco também. Depois fui vasculhar a rede e achei duas coisas relacionadas, a primeira a publicação da Kodak a respeito disso e a segunda esse pequeno post na Apug que conta uma outra maneira de fazer isso.

Aceleração, viragem sépia e essa solução para o E-6 revelado em processo p&b tem uma coisa em comum, a imagem é branqueada totalmente e re-revelada. Vou ver se tento essa solução e desenvolvo um processo p&b bacana para os cromos que tenho aqui. Enquanto isso fica aqui uma dica para saber como faz a aceleração do filme cromo (E-6) no item 22.07 desse link aqui.

Outra coisa que andei olhando foi como fazer para usar filmes infravermelhos de imagesetters. Vasculhei fórums e acabei achando esse post no Photo.net que dá um ISO e um filtro para usar o filme. Nossa, isso é muito valioso, primeiro porque diz que a coisa funciona, depois porque já dá alguma idéia do que fazer. O cara ainda dá o revelador e o tempo para controlar o contraste, fica fácil começar. Estou pensando em refilar o filme desse que eu tenho e colocar num papel/bobina de filme 120. Será?

Outro filme interessante que apareceu é um LD da IBF, um filme litográfico do tipo Luz do Dia. Pelo que entendi de alguns links ele é um filme sensível a UV que pode ser manuseado em ambientes iluminados exclusivamente por lâmpadas fluorescentes que não emitem UV. Hummm. Será ele tão pouco sensível a ponto de não ser possível usar em uma câmera de grande formato? A IBF não tem mais nada sobre filmes no seu site, mas vasculhando a rede encontrei um figura nos EUA que revendia IBF e que ainda tem descritivos no site dele. Dá para comparar com os filmes UR e PSD que eu conheci.

Osasco em Lith

Em 1996 comecei a fotografar algumas pessoas, umas 5 ou 6, que sobreviveram à explosão de um shopping na cidade de Osasco, SP. Segui a vida de 3 desses durante um período bem longo, de 3 anos. Fotografei com os filmes que eu pude comprar, que na época eram preto-e-branco. O trabalho foi sendo construído e eu o apresentava com fotos com uma escala tonal comum (como as que eu comentei num post anterior). Em 2000 eu ganhei um envelope de papel positivo para ser usado na indústria gráfica. Acabei fazendo uma espécie de releitura do meu próprio trabalho, brincando com um contraste mais acentuado, interferências físicas na imagem. As imagens perderam o ar de fotografia documental que elas tinham, o que deixou algumas pessoas incomodadas, mas ganhou outras informações.

A foto de cima é a Gil superando a escada da entrada da casa dela, quando ela finalmente voltou a andar. Já esse beijo foi a última foto que eu fiz dela. Era sinal de que ela tinha superado as 33 cirurgias e o ano e meio presa a uma cama e recomeçado a vida, encontrado um amor.