Em fevereiro comecei a falar dessas idéias nesse post aqui.
Para resolver o backfocus, descolei um pouco dois step-ups que faziam parte do tubo da objetiva, dei um quarto de volta e voltei a colar.
Juntei os itens para rebobinar o filme gráfico nos papéis de filme 120 e fiz um filme teste.
A primeira imagem era algo que eu pensava em fazer no futuro, múltiplas exposições. A segunda imagem foi feita em ISO 8, não ficou OK, mas mostra os fungos crescendo na beira do filme. A terceira imagem, feita em ISO 2, serviu para aferir a velocidade desse filme.
Em fevereiro comecei a falar dessas idéias nesse post aqui.
Comecei a desmontar a parte da frente da Dacora Digna para saber quais seriam as possibilidades de montar a objetiva. A objetiva em si já tinha um helicoidal e talvez precisasse apenas de remover o trilho que acopla com o rangefinder do corpo Mamiya.
Com o corpo da Digna sem objetiva comecei a brincar com a 65mm na sua frente enquanto um despolido improvisado ocupava o lugar do filme. Determinei que precisaria de uns 2 cm de espaçamento para que a coisa funcionasse.
Imaginei um parassol HN-3 da Nikon para um teste com cola quente, mas ele é mais comprido que 2cm. O HN-1 é curto demais. Na mesma caixa de acessório esbarrei nuns anéis de step up e setp down para filtros.
Juntei alguns até conseguir um espaçador de 22mm. O foco ficou longo. Fiz novamente com 17mm, ficou curto. Recombinei para chegar a algo entre 18mm e 19mm. A imagem parecia perfeita. Olhei com uma lupa e conclui que merecia um teste com filme.
Usei cola quente preta e um tanto de fita adesiva preta para segurar tudo no lugar durante o teste. Escolhi um Fuji Neopan Acros 100 solitário que eu tinha guardado. Mais um pedaço de fita e criei um flap sobre a janela vermelha do filme, só para ter certeza que não ia vazar muita luz ali (a câmara é de 1958 e filmes pancromáticos de alta sensibilidade não eram nada comuns).
Sai num sábado pela manhã, levei até tripé, mas não precisou, o Sol não me decepcionou. Fiz algumas imagens usando a hiperfocal, mas em outras escolhi aberturas e assuntos que poderiam me dar mais clareza de qualquer erro da montagem da objetiva.
Nesse momento foi que me dei conta que ainda não possuo um espiral para revelar filmes 120. Tinha umas coisas a estorvar aqui e coloquei nos classificados do Slack do meu trabalho.
Com os trocos fui a uma loja no Porto e consegui um espiral que me faltava. Na Casa China aqui ao lado eu encontrei uma tampa de silicone que se ajustou ao meu tanque. Com um potes de vidro fiz uns graduados para medir as químicas e pronto.
Fotografei os negativos em 50MP para poder observar os detalhes da imagem. Tem um problema de backfocus bem sutil. Não aparece muito nas imagens aqui porque o dia estava claro e o diafragma fechado. Vou ter que encontrar uma maneira ali na minha montagem de espaçar a objetiva do corpo mais um ou dois décimos de milímetro.
Já é no mês que vem o Festival de Fotografia Analógica na ADAO, no Barreiro.
Estarei lá com um workshop
Armadilha para o acaso: estratégias para receber o inesperado
Encontros, arranjos e formas únicas que só a fotografia pode ver. A partir de foto-jogos, os participantes terão oportunidade de discutir as maneiras em que a fotografia pode funcionar como uma armadilha para o acaso.
Foto: Guilherme Maranhao
Na primeira parte do workshop há uma apresentação sobre diferentes artistas e as maneiras que cada um se aproveita do acaso. Depois o conceito de foto-jogo é apresentado. Além disso, o formador oferecerá ideias de foto-jogos que os participantes podem jogar com suas próprias câmaras fotográficas. Na segunda parte do workshop vamos criar um foto-jogo com papel fotográfico que vamos velar parcialmente e usar para fazer cópias de contato.
Sábado, 06/Maio, das 14h30 às 17h30 na ADAO – Rua da Recosta nº1, Barreiro, Portugal
30 Euros
Tem interesse? Entre em contato pelo Insta, Messenger ou pelo email refotografia arroba gmail ponto com para combinarmos o pagamento por MB Way para reservar sua vaga!
Desencavei um monte de scans de recortes antigos. Esses recortes iam para o lixo em 2016. Minha mãe gentilmente se ofereceu para escanear todos. E isso ficou guardado até recentemente. Tive que encontrar umas informações sobre as fotos que eu fiz sobre a história da explosão do Osasco Plaza Shopping em 1996. Acabei gastando um tempo vasculhando aquilo tudo. Acho que fiquei surpreso de ver as coisas que eu fazia há quase 30 anos.
Entre 1995 e 1997 estive como freelancer para o jornal O Estado de São Paulo e para o Jornal da Tarde. Coisas do dia a dia da cidade, nada muito sério ou grave, ou seja features, no hard news. Operação Magia Negra diz a legenda da imagem, esse foi um dia interessante: circulei com uma patrulha da polícia pelos cemitérios da cidade a procura de pessoas praticando rituais religiosos não autorizados.
Usava mais a 50mm e as teleobjectivas, raramente apelava para a grande angular.
Ainda em 1997 passei a trabalhar para o jornal A Folha de São Paulo. Tentei incorporar uma linguagem um pouco mais dinâmica, comecei a usar mais a 24mm e me aproximar de tudo. Também comecei a ver mais imagens impressas em cores. O ano era 1998 e tinha gente a descobrir a internet. E, aparentemente, eu já estava lá para fotografar (em filme). Acredito que usei a 24mm e virei a câmara na diagonal because all cool kids were doing it. E como não notar aquele Brad Pitt ali na parede da ginasta, ele ajuda a datar essa imagem.
Sobre a 24mm, no início usava a da Nikon, depois achei uma Tokina 24-40mm/2.8 que andou comigo bastante. Ainda tenho saudades daquela lente, era bem prática como lente única. E foi com ela que eu fiz a foto a seguir.
Um dia em especial estava contratado para trabalhar como assistente de uma fotógrafa de estúdio. Quando chego ao estúdio, descubro que ela faria ali a foto oficial da campanha Lula/Brizola. Negociei com o assessor para fazer um making of em exclusivo e já liguei para o jornal para negociar a pauta (nessa época eu era freelancer avulso). Minha primeira capa pela Folha.
O departamento de fotografia da Folha de São Paulo tinha naquela época uma estrutura de trabalho mais horizontal. Dentro disso duas coisas eram importantes: um procedimento claro e objetivo de como submeter pautas novas pelos próprios fotógrafos (em geral os fotógrafos cumprem as pautas ditadas pela redação, mas na rua algo pode saltar aos olhos e nós tínhamos como sugerir ou submeter isso facilmente) e uma pesquisa diária com leitores que chegava ao departamento contendo informações de como os leitores tinham percebido as fotografias do jornal do dia anterior.
Chegando de volta de uma pauta, numa tarde, vi essa cena num posto de gasolina abandonado ali na Vila Buarque. Conversei com aquele homem, pedi sua autorização para fotografar, colhi uns dados, anotei uma frase dele. No dia seguinte essa imagem me rendeu número 1 em recall (sem o jornal na mão, era a fotografia que mais leitores se lembravam de ter visto).
Depois de alguns anos fotografando essas pautas em jornal, a evolução natural era procurar as revistas. Era a possibilidades de ganhar um pouquinho mais e ter uma pouquinho mais de tempo livre.
Tudo começou com a tal Super8 que eu consertei. Falei dela aqui no post do dia 23 de fevereiro de 2023. A sério? Sim! 23/02/2023.
Estava com um deadline do Festival de Avintes na cabeça, algo relacionado ao Dia Mundial da Fotografia Estenopéica. E comecei a pensar em câmaras para construir. Essa ideia deu origem a uma conversa, mas isso talvez vire algo mais um dia. Mas decidi não construir nada agora.
Há muitos anos que eu não fazia uma fotografia estenopéica, ou pelo menos eu pensava assim. Tinha esquecido a solargrafia do ano passado. Fui olhar a câmara que eu usei, não era o que eu queria.
Queria usar filme raio-x, porque o revelador estava pronto. Lembrei da câmara 13x18cm inspirada na do Bill Brandt.
Quando percebi já tinha preparado o furo, colado numa placa orfã para dessa minha point-and-shoot de 13x18cm. Num ímpeto, fui para a garagem. Tem esse scanner que eu peguei no lixo, estou tentando fazê-lo voltar a funcionar, a luz já acende quando ligo na eletricidade. Com a luz ligada, fiquei dançando com ele sobre minha mesa de trabalho, por uns 15 minutos.
Pronto, a chapa foi exposta.
Medi a temperatura da água, era 13,6C. Dobrei a quantidade de Rodinal, dobrei o tempo de revelação. Já está.
Fiz outras imagens além dessa, escolhi uma para mandar.
Passo tanto tempo sem considerar o pinhole, mas quando o faço, tudo vem tão fácil. É dessas coisas que vem de tanto tempo atrás, que ainda estão comigo e, com sorte, sempre estarão.
Minha contribuição para a programação inclui uma palestra sobre imagens únicas (impressões irreprodutíveis), uma versão do workshop Armadilha para o Acaso e uma versão do workshop de Construção de Câmara Digital Artesanal, tudo em inglês.
Já falei aqui no passado (quando fui no EXP20) e volto a falar: vale ver a página de transparência do site do festival. É uma maneira muito bacana de olhar para a organização desse tipo de evento.
Aproveita e faça sua inscrição para o festival e venha conhecer Barcelona e curtir esse evento!
Esse início de ano eu encontrei uma câmara Super8 no lixo. Estava partida ao meio, mas não parecia ser algo muito grave. Me debrucei sobre ela numa tarde de sábado e consegui consertar o mecanismo. A queda deixou suas marcas, mas tudo voltou para onde deveria, não tenho filme para testar. O episódio me fez abrir minha caixa de ferramentas e serviu de inspiração.
Desde então, três câmaras distintas habitam a minha imaginação: uma câmara 120 para usar o filme infravermelho que vem do Brasil, uma câmara panorâmica baseada nas ideias do Marco Kröger com a Exa, por fim uma câmara-scanner feita para realizar a varredura automaticamente.
A câmara 120 parece uma ideia razoável já que poderei fazer uma boa quantidade de filme 120 infravermelho. Já consegui bobinas e papéis de filme 120 com um laboratório aqui em Portugal e vou fazer os filmes como já mostrei aqui no passado. Ao longos os últimos anos eu vendi tudo que eu tinha que servia para filme 120. Ano passado em Bièvres, eu peguei uma Dacora e uma Coronet Flashmaster, ambas 6×6, além de uma Diana, mas não é exatamente o que eu tinha em mente. Pensei até em instalar a objetiva Mamiya 65mm na Dacora, isso poderia ser interessante.
A câmara mais complicada das três ideias é a Exa Panorâmica. Já falei do passado do porque converter uma (nesse caso duas) Exa. A Exa é muito boa para isso, já que o espelho é o obturador e os controles ficam de um dos lados e nada disso precisa ser estendido, apenas a caixa do espelho, o corpo e o espelho/flap. Revisitei o site do Marco Kröger para olhar sua ExaRama (o link está nesse outro post). Eu até escrevi um email para ele, mais ainda aguardo resposta. Num dos vídeos ele corta as peças com um arco simples, usa uma lima para dar o comprimento correto de cada ponta e depois solda as peças com um ferro de solda simples.
Câmaras panorâmicas em geral são do tipo rangefinder (Hasselblad XPan é o grande exemplo) ou tem uma objetiva que gira (Widelux e Horizon). Um projeto interessante de rangefinder é a FauxPan, relativamente fácil de fazer, mas depende de uns itens mais caros. Não consigo pensar numa panorâmica reflex que tenha sido feita em série. A solução do Marco Kröger é genial nesse sentido e dá uma versatilidade incrível ao resultado. Não me leva a mal, já tive uma Horizon Kompakt e adorava aquilo!
Relendo aquilo que eu tinha escrito aqui, me perguntei se seria possível fazer isso com filme 120, visto que ela já resolvia a questão inicial relativa ao filme infravermelho. Ao invés de construir uma nova câmara de médio-formato e ficar pensando em fazer outra para panorâmicas, aproveitar uma Hasselblad emprestada é muito mais simples. Joguei umas palavras-chave no Google e acabei descobrindo o site de um fotógrafo chamado Lou Zurn. O Lou também percebeu a versatilidade do conceito de uma panorâmica reflex, mas a solução dele foi um tanto mais simples: modificou um back 12 da Hasselblad para 28x56mm, fazendo 24 fotos num rolo de 120. Talvez o resultado final seja maior e mais pesado que a ExaRama do Marco Kröger, mas não envolve habilidades tão complexas na oficina. Talvez a Mamiya 65mm no lugar da objetiva da Dacora e uma máscara 28x56mm resolva essas duas em uma.
A câmara scanner pode ser uma boa ideia se não incluir muitas peças complicadas de fazer ou que necessitem ser impressas, por exemplo. Recentemene o PetaPixel postou mais uma vez sobre uns caras que fizeram câmaras usando scanners da Epson. Se você seguir os links e for fuçando, você acaba chegando ao Flickr do Dario Morelli. Aqui tem bastante informação interessante e algumas idéias geniais!
Minha impressão é que os caras usam scanners Epson provavelmente para tirar proveito dos 16-bits por canal. Mas os Epson atrapalham muito na questão do funcionamento porque fazem calibrações automáticas por si só. Minha primeira reação foi pensar que seria mais fácil com um outro scanner, como os HP que eu uso nas minhas câmaras-scanner. Me arrisco a ter problemas com imagens de 8-bits por canal. Mas será mesmo ruim? Tudo que eu fiz com scanners-cameras até agora foi com 8-bits… o que não quer dizer que seria bom.
Me parece que é essencial manter o CCD paralelo ao plano de foco durante a varredura. Me agrada a ideia de fazer um alvo branco retrátil do lado de fora, para facilitar a calibragem, mesmo que esporádica. Os caram fizeram uma câmara com uma lente de projeção fixa e outra com baioneta Mamiya 6×4,5. Eu talvez precisasse fazer a câmara com um fole para poder usar lentes de ampliação ou de câmara de grande formato: 50mm EL-Nikkor, 60mm Bogen, 75mm EL-Nikkor, 65mm Mamiya-Press, 105mm Topcon, etc.
Fui convidado pela Ana Sousa para participar de um livro com o trabalho de diversos fotógrafos que usam fotografia analógica. O livro é editado por José Godinho e será o primeiro volume da série Analógico.
Também estão nesse primeiro volume os trabalhos da própria Ana Sousa e do Bruno Guerreiro, Daniel Rosa, João Ribeiro, Luís Fernandes, Mariana Afonso, Miguel Machado, Nuno Martins e Tiago Thedim.
O Nuno Martins fez um vídeo mostrando e contando mais detalhes da publicação, vou fazer o link a partir dos 8′, quando aparece a minha parte nessa história, mas se você quiser ver do início, basta puxar para lá:
Ainda não recebi meus exemplares, mas eles devem estar nas mãos do CTT em algum lugar entre a GOD Publishing e aqui.
Recebi recentemente o número de 2022 dessa revista sobre fotografia analógica que é produzida pelo Kalamari Klub, um coletivo sediado em Heidelberg, Alemanha, junto a um grupo de pesquisadores de física quântica da universidade de Heidelberg.
O número de 2022 é a segunda edição da revista. Participei do open call e fui selecionado para participar com imagens da série Transe.
Essa edição é entitulada Rauschen, palavra em alemão para o ruído como o dos sensores de fotografia digital.
Essa edição apresenta fotografias de 46 artistas que “exploram os mundos da arte e da ciência usando fotografia analógica” com muito espaço e cuidado, no design e na impressão. A edição traz com um pequeno texto de abertura que conta um pouco da história do coletivo, do trabalho junto aos pesquisadores e de como surgiu a revista.
Conta também com um texto de Pablo Giori sobre a história da técnica fotográfica e sobre fotografia experimental, além de uma entrevista feita pelo coletivo com os dois artistas que participaram das residências promovidas dentro da colaboração com os pesquisadores. A edição termina com uma ficha técnica sucinta.
O design de Daphne Braun é correto e elegante. As fotografias são acompanhadas dos nomes de seus autores e dos seus respectivos títulos. Alguns grupos de imagens tem também um pequeno verbete que explica o trabalho ou a situação como o trabalho foi criado.
Se eu pudesse falar de um incômodo, é que poderia haver um pouquinho mais de texto explicando essa opção ou algum texto que ligasse o nome da revista, o título da edição e os assuntos tratados por Giori. Maybe: será que passaríamos pelo Princípio da incerteza de Heisenberg? Rauschen: sobre a Relação sinal-ruído? Giori definitivamente bebe em Flusser, para quem o aparelho é um brinquedo que simula um tipo de pensamento. Onde chegaríamos?
Vale a pena visitar o site da gráfica que imprimiu a revista tão bem. É no mínimo curiosa a maneira como as pessoas que trabalham lá se apresentam das imagens, não vou explicar mais para deixar o suspense no ar.
‘Silicon Based Photography’ é um workshop programado no âmbito de uma unidade curricular do Mestrado em Fotografia da ULHT, que conta com a minha orientação.
O workshop começará com uma apresentação sobre o processo de formação da imagem fotográfica, reflectindo sobre as etapas-chave que determinam a visualidade da imagem. Essa reflexão abrirá caminho para discutir e experimentar com diferentes formas de intervir numa imagem digital, criando uma lista de ações possíveis. No decorrerer do workshop serão feitas diversas experiências, nomeadamente: 1. Explorar a luz visível com capturas digitais sensíveis ao infravermelho; 2. Explorar o uso de canais de cor em softwares de edição; 3. Explorar diferentes formatos de sensor com capturas que usam CCD lineares; 4. Explorar algumas interferências em impressoras inkjet.
O workshop decorrerá nos dias 27 e 28 de janeiro e terá a duração de 12 horas, havendo 6 vagas para participantes externos ao Mestrado em Fotografia da ULHT, por 70€.
As 12 horas de workshop estão distribuidas assim: 27/01, sexta – 11h às 12h30 e 14h às 18h e 28/01, sábado – 10h às 12h30 e 14h às 18h
Para participar como aluno externo, deve concluir o registo aqui.