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Conversão de Nikon D100 para espectro total

Essa Nikon D100 veio parar aqui já há um tempo. Até que um dia me deparei com um vídeo no Youtube mostrando como é simples remover o filtro IR cut da frente do sensor. É razoávelmente fácil desmontar a câmara. Na foto abaixo, os quatro parafusos que se pode ver na beirada do sensor podem ser removidos para libertar o filtro azulado e pronto, está feito.

Já tinha testado a câmara com uma bateria e sabia que ela ligava. Mas não tinha bateria, nem queria comprar uma para esse projeto. O projeto tinha que ser mais barato que isso, me tornei essa pessoa.

Comecei a pesquisar e descobri que a Nikon fazia um adaptador chamado EH-5 para ligar a D100 direto à tomada 110/220v. Num post do dpreview achei até informação do pinout do adaptador, além da informação principal: 9v e até 4amp.

Na minha sucata tinha um carregador da Sony que veio do lixo também. Tem saída 8.4v e vai até 1.7amp. Me pareceu próximo o suficiente para um teste. Os plugs de ambos eram bem diferentes, no entando era possível encostar um no outro e fazer contato entre os polos corretos. Assim a câmara ligou sem problemas.

Dobrei um pouco os metais do contato da câmara e forcei o plug do adaptador um pouco mais longe, não encaixou mas ficou sob pressão. Envolvi tudo em cola epóxi e com uma fita hellerman prendi o cabo ao ponto de fixação da alça, para evitar que um puxão desfizesse tudo. Deixei a cola secar um dia.

Seguia pensando o que poderia fazer… Sem o filtro IR cut no lugar, era provável que não fosse mais possível focar a câmara no infinito. As primeiras imagens ficaram totalmente rosadas, efeito do IR atingindo todo o sensor.

Separei um canto ao lado da janela e posicionei minha aloe vera iluminada pelo céu azul. Coloquei a câmara no tripé, compus a primeira imagem e então rosqueei o filtro IR 850nm na objetiva. O filtro é opaco para a luz visível, nada se via pelo visor então. A câmara não tem live view. Comecei a fotografar e analisar o resultado, localizar o ponto de foco, ajustar a composição e tentar novamente. Fotografei essa aloe vera em f/8 com velocidades de 1/2s a 1/8s em ISO 200.

Logo percebi que algumas imagens tinham uma pequena barra preta no canto inferior esquerdo da imagem vertical. Parece que o obturador está dando sinal de que vai chegar ao fim. Em alguns outros momentos o obturador simplesmente não abriu completamente, expos só uma faixa. Bom ficar de olho e checar todas as imagens antes de partir para a próxima.

Cheguei a testar um filtro Wratten 87 (segundo a Wikipedia “Blocks wavelengths shorter than 740 nm”), mas gostei mais das imagens com o 850nm, por enquanto.

Virei a câmara para a janela. Fiz uma imagem em f/16 e 1/25s com o mesmo ISO 200, sucesso em obter foco no infinito com a objetiva 50mm, pelo menos.

E depois me diverti com a sinuosidade da rua aqui em frente de casa, com a grama brilhante, enfim, coisas do infravermelho.

Em breve chega do AliExpress um filtro IR Fader que vai de 530nm a 750nm, espero que funcione, queria testar umas imagens em comprimentos menores, entre 600nm e 720nm. Depois conto mais dessa próxima etapa.

Planejando uma câmara para 2023

Esse início de ano eu encontrei uma câmara Super8 no lixo. Estava partida ao meio, mas não parecia ser algo muito grave. Me debrucei sobre ela numa tarde de sábado e consegui consertar o mecanismo. A queda deixou suas marcas, mas tudo voltou para onde deveria, não tenho filme para testar. O episódio me fez abrir minha caixa de ferramentas e serviu de inspiração.

Desde então, três câmaras distintas habitam a minha imaginação: uma câmara 120 para usar o filme infravermelho que vem do Brasil, uma câmara panorâmica baseada nas ideias do Marco Kröger com a Exa, por fim uma câmara-scanner feita para realizar a varredura automaticamente.

A câmara 120 parece uma ideia razoável já que poderei fazer uma boa quantidade de filme 120 infravermelho. Já consegui bobinas e papéis de filme 120 com um laboratório aqui em Portugal e vou fazer os filmes como já mostrei aqui no passado. Ao longos os últimos anos eu vendi tudo que eu tinha que servia para filme 120. Ano passado em Bièvres, eu peguei uma Dacora e uma Coronet Flashmaster, ambas 6×6, além de uma Diana, mas não é exatamente o que eu tinha em mente. Pensei até em instalar a objetiva Mamiya 65mm na Dacora, isso poderia ser interessante.

A câmara mais complicada das três ideias é a Exa Panorâmica. Já falei do passado do porque converter uma (nesse caso duas) Exa. A Exa é muito boa para isso, já que o espelho é o obturador e os controles ficam de um dos lados e nada disso precisa ser estendido, apenas a caixa do espelho, o corpo e o espelho/flap. Revisitei o site do Marco Kröger para olhar sua ExaRama (o link está nesse outro post). Eu até escrevi um email para ele, mais ainda aguardo resposta. Num dos vídeos ele corta as peças com um arco simples, usa uma lima para dar o comprimento correto de cada ponta e depois solda as peças com um ferro de solda simples.

Câmaras panorâmicas em geral são do tipo rangefinder (Hasselblad XPan é o grande exemplo) ou tem uma objetiva que gira (Widelux e Horizon). Um projeto interessante de rangefinder é a FauxPan, relativamente fácil de fazer, mas depende de uns itens mais caros. Não consigo pensar numa panorâmica reflex que tenha sido feita em série. A solução do Marco Kröger é genial nesse sentido e dá uma versatilidade incrível ao resultado. Não me leva a mal, já tive uma Horizon Kompakt e adorava aquilo!

Relendo aquilo que eu tinha escrito aqui, me perguntei se seria possível fazer isso com filme 120, visto que ela já resolvia a questão inicial relativa ao filme infravermelho. Ao invés de construir uma nova câmara de médio-formato e ficar pensando em fazer outra para panorâmicas, aproveitar uma Hasselblad emprestada é muito mais simples. Joguei umas palavras-chave no Google e acabei descobrindo o site de um fotógrafo chamado Lou Zurn. O Lou também percebeu a versatilidade do conceito de uma panorâmica reflex, mas a solução dele foi um tanto mais simples: modificou um back 12 da Hasselblad para 28x56mm, fazendo 24 fotos num rolo de 120. Talvez o resultado final seja maior e mais pesado que a ExaRama do Marco Kröger, mas não envolve habilidades tão complexas na oficina. Talvez a Mamiya 65mm no lugar da objetiva da Dacora e uma máscara 28x56mm resolva essas duas em uma.

A câmara scanner pode ser uma boa ideia se não incluir muitas peças complicadas de fazer ou que necessitem ser impressas, por exemplo. Recentemene o PetaPixel postou mais uma vez sobre uns caras que fizeram câmaras usando scanners da Epson. Se você seguir os links e for fuçando, você acaba chegando ao Flickr do Dario Morelli. Aqui tem bastante informação interessante e algumas idéias geniais!

Minha impressão é que os caras usam scanners Epson provavelmente para tirar proveito dos 16-bits por canal. Mas os Epson atrapalham muito na questão do funcionamento porque fazem calibrações automáticas por si só. Minha primeira reação foi pensar que seria mais fácil com um outro scanner, como os HP que eu uso nas minhas câmaras-scanner. Me arrisco a ter problemas com imagens de 8-bits por canal. Mas será mesmo ruim? Tudo que eu fiz com scanners-cameras até agora foi com 8-bits… o que não quer dizer que seria bom.

Me parece que é essencial manter o CCD paralelo ao plano de foco durante a varredura. Me agrada a ideia de fazer um alvo branco retrátil do lado de fora, para facilitar a calibragem, mesmo que esporádica. Os caram fizeram uma câmara com uma lente de projeção fixa e outra com baioneta Mamiya 6×4,5. Eu talvez precisasse fazer a câmara com um fole para poder usar lentes de ampliação ou de câmara de grande formato: 50mm EL-Nikkor, 60mm Bogen, 75mm EL-Nikkor, 65mm Mamiya-Press, 105mm Topcon, etc.

Por hora, fico aqui, ainda pensando no que farei.

Infravermelho com a Sony F828

Além de escanear o Tatuapé, aproveitei essas paisagens incríveis da cidade se modificando para fazer algumas imagens em infravermelho com uma nova câmera, uma Sony F828 de 8MP.

Essa câmera tem a função Night Shot, que por si só não é bacana para IR, mas que abre algumas brechas. Uma delas é que com o uso de um super imã, você pode mover o filtro IR-cut dentro da câmera abrindo as portas para o IR sem ter que acionar o Night Shot.

Usei um filtro de 850nm que é bem escuro, fotografei em RAW e em ISO 64 para segurar tudo que se pode e converti no Lightroom posteriormente. Um novo caminho para explorar.

Escaneando pelo Tatuapé

A convite da FSP eu dei umas voltas pelo Tatuapé para registrar um pouco das paisagens desse bairro de uma maneira diferente. Espero que o resultado seja publicado em breve, mas ficam aqui dois registros de como isso foi feito.

Ao contrário de todas as vezes anteriores que escaneei, como dessa vez era um trabalho de paisagem que exigia um pouco mais de similaridade com o assunto, utilizei um filtro IR-UV-cut que impede que tanto infravermelho como ultravioleta cheguem ao sensor (os sensores de scanners de mesa não são protegidos contra esse comprimentos de onda).

Pesquisas

Recentemente numa conversa com o Claudio fui reapresentado ao conceito de aceleração de filme colorido, acabei me lembrando de outra coisa que eu sempre quis fazer que era revelar os filmes cromos como p&b para obter negativos e falamos disso um pouco também. Depois fui vasculhar a rede e achei duas coisas relacionadas, a primeira a publicação da Kodak a respeito disso e a segunda esse pequeno post na Apug que conta uma outra maneira de fazer isso.

Aceleração, viragem sépia e essa solução para o E-6 revelado em processo p&b tem uma coisa em comum, a imagem é branqueada totalmente e re-revelada. Vou ver se tento essa solução e desenvolvo um processo p&b bacana para os cromos que tenho aqui. Enquanto isso fica aqui uma dica para saber como faz a aceleração do filme cromo (E-6) no item 22.07 desse link aqui.

Outra coisa que andei olhando foi como fazer para usar filmes infravermelhos de imagesetters. Vasculhei fórums e acabei achando esse post no Photo.net que dá um ISO e um filtro para usar o filme. Nossa, isso é muito valioso, primeiro porque diz que a coisa funciona, depois porque já dá alguma idéia do que fazer. O cara ainda dá o revelador e o tempo para controlar o contraste, fica fácil começar. Estou pensando em refilar o filme desse que eu tenho e colocar num papel/bobina de filme 120. Será?

Outro filme interessante que apareceu é um LD da IBF, um filme litográfico do tipo Luz do Dia. Pelo que entendi de alguns links ele é um filme sensível a UV que pode ser manuseado em ambientes iluminados exclusivamente por lâmpadas fluorescentes que não emitem UV. Hummm. Será ele tão pouco sensível a ponto de não ser possível usar em uma câmera de grande formato? A IBF não tem mais nada sobre filmes no seu site, mas vasculhando a rede encontrei um figura nos EUA que revendia IBF e que ainda tem descritivos no site dele. Dá para comparar com os filmes UR e PSD que eu conheci.