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Grid

Deve fazer uns dois anos que eu achei um projetor no lixo. Acho que por ele só ter uma entrada VGA deixou de ter utilidade, não havia errado com ele, nem a lâmpada estava velha (coisa que é comum). A resolução era baixa, apenas 800×600 pixels (SVGA).

Eu tinha essa ideia de fotografar alguns objetos com um grid projetado neles, sei lá, olhar para as linhas e para os limites, não sei bem, talvez seja apenas a intersecção das formas.

Mas foi essa semana que sobrou um tempo extra, tirei o carro da garagem, montei um estúdio improvisado ali, levei o projetor, liguei um laptop antigo, fiz um grid adequado. Experimentei com o tempo, com a altura do projetor, com o ângulo etc.

Fiz umas imagens com o smartphone para testar, enquanto faço uma lista mental dos objetos que pretendo fotografar.

O primeiro teste ficou escuro, é difícil fotometrar essas linhas e saber como vão aparecer num filme sensível a luz verde. Acabei optando por colocar um difusor sobre a luz da minha mesa de trabalho e deixar ela ajudar nos volumes (que é a foto que abre esse post).

Um novo cantinho para ampliação na garagem

Há uns meses eu havia decidido construir um caixa de ampliação, ou seja, um ampliador pequeno instalado dentro de uma grande caixa de madeira.

A ideia era aproveitar o espaço da garagem para ampliação sem ter que ter muito trabalho para escurecer o ambiente e etc.

Tinha conseguido uma caixa, fiz uns suportes para ela e estava em busca de um pequeno ampliador que pudesse doar a cabeça e talvez a coluna para o projeto.

Já estava desanimado com aquilo tudo quando me escreveu o Samuel da Bestacameras. Ele viu uns stories e me falou do Durst 138S que ele estava vendendo. Conversamos um pouco, uns dias depois eu dirigi até a Espanha para buscar o tal ampliador e tudo mudou.

Cheguei de volta a Braga, limpei e montei o Durst no único canto da garagem onde ele cabia. Comecei uma lista de afazeres e itens que eu precisaria providenciar para fazer essa história funcionar. Decidi começar tudo pensando que seria possível usar o ampliador durante a noite sem ter que vedar janelas e portão da garagem.

Do lixo saiu um pouco de madeira e espuma para fazer o porta-negativos, depois uma tábua de passar roupas que cortei para ser marginador com imãs do AliExpress.

Também achei um bidão que cortei para ser uma tina. Ao invés de focalizador de grão, uso um óculos de leitura bem forte que permite ver a imagem de perto na superfície do marginador. Uma fita de LED RGB ligada na cor vermelha serve de luz de segurança (sobre as janelas da garagem e a luz de segurança farei um post mais detalhado em breve).

Precisava soda cáustica e hidroquinona para fazer meu revelador preferido para papéis antigos. A soda achei no Leroy Merlin, a Hidroquinona veio de uma loja de fotografia analógica na Bélgica.

Nesse tempo todo fiquei pensando em quão improvisados eram meus primeiros laboratórios e de como fui ajeitando e fazendo as coisas ao longo dos anos. Tive laboratório de 1992 a 2019 e voltar a ter as coisas “do jeito que dá” é mesmo libertador.

Durante esses últimos quatro anos eu sonhava com meu último laboratório e todos os luxos e conveniências que eu tinha nele. É difícil reprogramar a cabeça para funcionar num espaço tão improvisado, mas parece que vai ser divertido.

Já estamos em pleno Outono e acho que não vou conseguir usar esse laboratório tanto antes da Primavera, mas vou indo e vou vendo.

O primeiro papel que decidi experimentar era um envelope quase vazio de Kodabromide W2 com aparência dos anos 1980.

Serviu pelo menos para mostrar que tudo funcionava. A imagem apareceu em foco, o revelador funcionou e não houve velatura grave. Minha ideia, por mais incrível que pareça, deu certo. As lâmpadas de vapor de sódio da rua de trás do prédio iluminam dentro da garagem, mas não velam o papel. Os carros que passam não deixam a garagem clara demais por tempo demais.

A primeira imagem feita nessa laboratório, manchas pequenas de onde os pedacinhos de hidroquinona mal diluída encostou no papel, velatura da idade pela borda da folha. Os imãs do marginador não deixaram sombra!

Ainda fiz mais uma tentativa com esse mesmo papel, mas não consegui resolver a questão do véu. Resolvi testar outro papel. Esses envelopes de Ilford Galerie em que a palavra “Galerie” está carimbada na etiqueta, são os primeiros a chegarem no Brasil. Isso deve ser de 1992 ou 1993.

Sempre tive muito sucesso com esses lotes bem antigos de Galerie. Esse não foi muito diferente. Com o mesmo revelador consegui uma imagem mais contrastada, mais pretos e menos véu. A base ficou bem cor creme.

Mas pequenos detalhes entregam a vida pregressa dessa folha.

Uma digital aqui, uma mancha ali.

Esse dia meus pensamentos ficaram em torno do que ainda vale a pena fazer num laboratório p&b. Existem tantas coisas hoje em dia que se resolvem mais facilmente com um arquivo digital e a impressão em carbono. Usar esses papéis antigos e lhes dar oportunidade de intervir no processo é algo que ainda faz sentido para mim.

Linhof Technika II 13x18cm • parte V

Continuo fazendo testes e vendo a melhor maneira de revelar o raio-x que tenho aqui. Na última saída por Braga, fui ao Largo da Senhora a Branca e depois ao Largo da Senhora da Boa Luz.

As fotos da Senhora a Branca foram reveladas num dia bem quente e a tentativa de encurtar o banho se provou muito equivocada. Céu escorrido, vários problemas de uniformidade.

Na revelação seguinte, mantive o tempo, mudei a diluição e o resultado apesar da temperatura alta, foi mais agradável.

Linhof Technika II 13x18cm • parte IV

Há umas duas semanas, num sábado, finalmente carreguei filme nos chassis e sai para fotografar com essa Technika pela primeira vez. Escolhi o centro de Braga e depois também subi na capela de Guadalupe, de onde tirei essa imagem que segue.

Algumas coisas deram muito certo, outras deram muito errado. Sem parassóis nas objetivas tive alguns problemas de flare, ainda não estava bem treinado para usar minhas placas pretas como obturador, acabei revelando as chapas um pouco demais e criei alguns negativos bem densos.

Por outro lado foi um prazer imenso voltar a revelar coisas, principalmente numa caixa assim tão improvisada.

Após avaliar tudo que fiz nesse primeiro dia, adicionei mais uns itens na minha lista de pendências e deixei algumas anotações para o próximo processamento de imagens.

Os parassóis chegaram da China e logo instalei nas objetivas. Aqui fica também o registro em imagem do problema com o anel frontal da petzval. Depois tampei esse furo com cola quente preta, para evitar invasões do Sol.

Consegui parassóis para a petzval e para a G-Claron no AliExpress, também improvisei um jeito de prender um na Aldis. Para a objetiva Primoplane ainda preciso construir um sob medida.

Uns dias mais tarde sai para um outro teste, dessa vez fui ao Bom Jesus do Monte.

Continuei fazendo umas besteiras com o obturador manual, mas já senti alguma melhora. Esses problemas só não são visíveis nas imagens que eu publiquei porque no processamento digital é fácil corrigir se o erro não for grave. Mas às vezes o erro é tão brutal que não há solução. A dificuldade é expor filme ISO 200 sob o Sol com uma objetiva que é f/4 fixo, por exemplo. Fazer 1/500 de velocidade exige destreza.

Comecei fotografando as costas da Basílica com a Aldis Anastigmat, em f/45, consegui controlar bem a exposição e acho que fiquei feliz com o resultado. Braga ao fundo, o céu ainda guarda detalhes apesar do filme ortocromático.

Depois tentei uma foto dos jardins, mas essa realmente ficou tremendamente super-exposta e nem consegui um bom scan dela.

Na sombra das árvores, pedi ao Pedro Viana para posar para uma fotografia. Usei a petzval e consegui controlar bem a obturação. Para quem não viu as entrevistas da série Fotografia Portuguesa, o Pedro é um fotógrafo a la minuta (lambe-lambe em PT-BR) que trabalha no Bom Jesus.

Depois por fim, fotografei o coreto lá no alto do Bom Jesus com a Aldis novamente, em f/32.

Depois desse passeio, adicionei mais uns itens à minha lista de pendências, pequenas coisas para consertar e que vão me ajudar a fazer exposições mais curtas quando necessário. E conto dos avanços no próximo update.

Linhof Technika II 13x18cm • parte III

Continuei a caixa-laboratório. Achei uma promoção de sweat shirts do Notorius Big na Primark, acho que isso era da coleção anterior. Assim a caixa ganhou mangas, usei cola quente preta para fazer isso em 20 minutos, mas acho que é suficiente.

Depois tentei desamassar o anel de filtro da minha petzval, mas isso não correu bem, nem vou colocar foto aqui. É provável que o parassol 72mm que eu comprei e que está a caminho fique bem nela, mas um pedaço do anel quebrou.

Superada essa dor, passei à próxima tarefa: medir o foco no infinito para as 4 objetivas que pretendo usar e fazer furos que permitam o standard frontal travar no lugar certo.

Optei por fazer só 3 dos 4 furos necessários agora e ver se consigo usar o da 150mm para a 155mm.

Por enquanto é isso. Faltam 3 tarefas para limpar minha lista: aguardar a chegada dos parassóis; providenciar um pano preto para ver o despolido, focar e compor; providenciar duas jarrinhas graduadas para medir os químicos na hora de misturar.

Linhof Technika II 13x18cm • parte II

Nota: ao longo das minhas pesquisas descobri que estava enganado com relação ao modelo da câmara que eu tenho aqui. As informações sobre Linhof pré-1945 são muito confusas, mas achei alguma coisa aqui. Descobri que tenho mesmo uma Technika II ao invés de uma Standard como me havia sido informado. Corrigi os posts o melhor que pude.

Para revelar as chapas da nova Linhof pensei uma caixa simples como laboratório, já que ainda não disponho de um ambiente que possa ser transformado. Essa também é a opção mais barata.

Tinha um pedaço de compensado que imaginei como base da caixa. Achei duas garrafas grandes de detergente que poderiam ser convertidas em bandejas de revelação (tinas em PT-PT). O papelão veio do lixo reciclável, como as garrafas. A opção seria usar gatorfoam/k-line, mas sairia caro e não sei quanto tempo a umidade da garagem levará para deixar a caixa inutilizável. Bandejas de 13x18cm da marca AP custam entre 3,5 e 5 euros novas, talvez seja um investimento necessário se os filmes começarem a grudar no fundo dessas bandejas improvisadas.

Não tenho água corrente na garagem. Terei que levar a água necessária para o processamento e trazer tudo sujo de volta a cada para lavar. Terei que lavar as chapas em casa também. Cortei uma garrafa maior para fazer um balde onde vou depositar tudo que estiver usado.

Pintei a caixa por dentro e encomendei Rodinal e fixador rápido pelo correio, chegou bem rápido. O vinagre de limpeza veio do supermercado. Ainda falta visitar a loja da Cruz Vermelha e procurar um moletom preto do qual eu tirarei as mangas para instalar na frente da caixa de revelação.

Também cortei um pedaço de acrílico (recuperado de um monitor quebrado) para proteger o vidro despolido dentro da mochila.

Com ajuda de cotonetes, fiz uma super limpeza nos trilhos da parte frontal da Linhof e coloquei graxa nova ali (massa da lítio em PT-PT).

Vou continuar a resolver essas pendências da maneira mais econômica possível e assim que as próximas etapas estiverem concluídas, conto aqui!

Linhof Technika II 13x18cm • parte I

Voltei de Biévres com essa câmara.

Depois da mudança para Portugal tinha ficado sem nenhuma câmara de grande formato e recentemente tinha conseguido trazer do Brasil um pacote que tinha deixado reservado lá. A caixa continha filmes 5×7″ e 13x18cm, chassis para filmes e algumas outras peças para reformar uma futura câmara nesse formato que é o meu predileto.

Vi a câmara no sábado. Após ler esse post aqui sobre ela, bolei um plano de como poderia reformá-la para poder usá-la. Dai no domingo tomei coragem e comprei a dita. Era exatamente o modelo que eu procurava, parecida com as Technikas modernas que eu amo, mas muito mais barata. A necessidade de reforma facilitou a aquisição, mas ao mesmo tempo precisava ter certeza de que tudo que eu ia precisar ou eu já tinha, ou eu conseguiria muito facilmente.

Depois que voltei para Braga, comecei uma limpeza e também a retirada da traseira. Descobri que o ano de fabricação foi 1944.

Uma das peças que eu tinha guardada era uma traseira em madeira da marca Burke & James. Apesar do visual não combinar, o tamanho era perfeito. Usei cola epóxi e alguns parafusos para promover essa nova união.

Com isso feito, comecei a pensar em objetivas. Queria usar a minha G-Claron 150mm com certeza. Tenho uma Aldis de aproximadamente 275mm que também queria poder usar.

De uma tampa de caixa de vinho cortei alguns quadrados com 10,3cm de lado. Fiz chanfros na parte superior e inferior para encaixar na câmara e com uma serra de fio eu cortei os furos em algumas dessas placas.

Depois que as placas estavam secas, comecei a ajustar as objetivas nelas. Acabei fazendo uma placa para uma objetiva Petzval também. E para essas objetivas sem obturador, improvisei um com um pedaço de veludo preto colado num darkslide 9x12cm.

Ainda preciso providenciar um pano preto para poder compor e focar as imagens. E pensar em como processar as chapas. Falo disso tudo em breve.

15 de Setembro • hall do prédio

Há uns anos eu sai do elevador no fim do dia e dei de cara com um raio de Sol atravessando o hall dos elevadores do prédio. Era 15 de Setembro, 16h45. Fiz uma foto de celular e coloquei o JPG na pasta Lugares para Fotografar.

Os anos passaram e eu não lembrava. Até que agora, em 2018, eu lembrei.

Montei a 5×7″ com uma grande-angular, levei uns 20 minutos até deixar tudo retinho. Ainda bem que eu comecei mais cedo. Dai fiquei esperando e fazendo as fotos que aparecem aqui.

A grande-angular (para 5×7″) é a 150mm G-Claron que aparece aqui.

Depois da chapa lavada, fiz um clique com o celular para ver se a imagem estava lá. Ainda revelei mais uma outra chapa com mais 50% de tempo de revelação para um opção com mais contraste.

De Vere 504 • Conversão para 5×7″ parte I

A idéia era antiga, transpor a cabeça do Elwood para um coluna menos problemática.

Comecei a juntar alguns pedaços de madeira e alumínio. Usei uma tupia manual para vazar as placas de compensado que formarão uma extensão. As peças de alumínio servirão para prender essa extensão na coluna.

Uni as duas peças de alumínio com rebites e ameacei na posição para essa foto.

Aqui as placas já formam um bloco que está sendo colado com epóxi no alumínio para facilitar o alinhamento na hora de aparafusar e unir os dois materiais.

A peça inferior da cabeça do Elwood ainda será cortada (nas linhas azúis) para alinhar os furos.

Aqui o problema visto de outro ângulo. Também dá para ver a altura que o bloco ficou, 50mm ou 5 pedaços de compensado de 10mm.