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Fotografia Intermediário no Pompéia

Nesse segundo semestre vou ministrar uma etapa do curso de fotografia lá no Sesc Pompéia.
Essa etapa do curso de fotografia que envolve a experimentação no
laboratório pb tem por característica mais marcante a proximidade ao
processo de formação da imagem. Essa essência da fotografia está por
toda parte, em todos os nódulos do processo, mas é mais facilmente
percebida dentro do quarto escuro.
No laboratório se pode aprender claramente a relação que a quantidade
de luz guarda com o enegrecimento da cópia. Ou talvez como o contraste
pode ser obtido ou reprimido pelo tempo de submersão no revelador, ou
mesmo pela agitação durante tal etapa. Esses conceitos, simples de
visualizar no quarto escuro, perpassam até a fotografia digital. A
fixação desses conceitos e relações que comandam a formação da imagem
é a principal tarefa proposta para esse curso.
Estão previstos exercícios práticos combrindo os seguintes fundamentos
fotográficos: revelação de filme preto-e-branco, prova de contato de
filme sobre papel fotográfico, cópia em papel fotográfico com ajuste
de contraste, revelação seletiva de cópia fotográfica, solarização de
cópia fotográfica, execução de fotografia utilizando técnica de
iluminação “lightpainting”, interferência física sobre negativo
preto-e-branco.
As atividades executadas ao longo das aulas serão revistas também no
trabalho de fotógrafos tais como Eustáquio Neves, Man Ray, Ansel
Adams, Moholy-Nagy, cujos trabalhos se destacam pelo bom
aproveitamento desse acesso fácil que o trabalho de laboratório
oferece às modificações do processo de formação da imagem. Serão
apresentadas e comentadas imagens que forem pertinentes aos exercícios
em andamento. Todo o material desenvolvido em aula também será
comentado.


Fotografia – intermediário
12/08 a 02/12.
Quintas, das 19h às 21h30.

Pré-requisito: possuir câmera fotográfica reflex 35mm (filme) com ajustes manuais e ter conhecimento do uso da câmera e dos processos de revelação e ampliação em preto e branco (técnicas ensinadas no módulo básico).

Não recomendado para menores de 16 anos

R$ 56,00 [inteira]
R$ 28,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 14,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]
As inscrições, que só podem ser feitas pessoalmente, serão no dia 27/07 para comerciários e no dia 28/07 para usuários e interessados. O horário é das 14h às 20h, no balcão de informações das Oficinas de Criatividade do Pompéia.

Consistência e Intenção no Lab PB

No início de março escrevi aqui sobre algumas fotos que ampliei, uma pequena série que entitulei Outono de 1998. Desde o começo do ano tenho me debruçado sobre meu arquivo, tentando dar conta de ampliar várias histórias que ficaram esquecidas. Aos poucos tenho conseguido aumentar minhas horas de laboratório e seguir rumo ao passado.

Essa semana, em uma conversa com a Maitê sobre isso, constatei que o tempo do aprendizado do laboratório é bem diferente do tempo de aprender a fotografar. Pequenos ensaios fotografados se juntam em caixas aguardando a capacidade do fotógrafo de traduzi-los em cópias.

O fator agravante é que se tratam de grupos de imagens, que ao serem ampliadas, exigirão uma proximidade visual que as façam parecer um grupo. Isso é um desafio enorme, porque ali mesmo na banheira de lavagem, aquela simples inspeção das cópias lado a lado revela a criação ou não de um grupo de imagens.

Vários livros nos ensinam técnicas mais avançadas de laboratório: Ansel Adams: A Cópia (tá ai um cara cuja paciência e dedicação ao fotografar era bem próxima da que ele tinha dentro do laboratório); Michael Langford: Manual de Laboratório (editado pela Melhoramentos em 1981, um clássico dos sebos brasileiros); Eddie Ephraums: Creative Elements (um livro sobre fotografia de paisagem com uma parte enorme dedicada ao processamento de filmes p&b 35mm para qualidade); Larry Bartlett: B&W Photographic Printing Workshop (o autor tem outros livros sobre o assunto e foi o responsável por um projeto de livro do fabricante Ilford também). Mas esses livros tratam as decisões inerentes às cópias individuais.

As escolhas que fazemos no laboratório: filtro de contraste, tempo de revelação, revelador X ou Y, queimar aqui ou ali, passam a ser escolhas que respondem ao grupo de imagens e não mais à aquela cópia única, essas escolhas precisam unificar o grupo, criar uma visualidade que possa ser reconhecida. Se o fotógrafo abre um grupo de fotos sobre uma mesa, aponta para elas e diz: Isso é um ensaio blá blá blá, o trabalho de laboratório precisa corroborar isso. Isso pode afetar até a edição do trabalho, caso uma imagem não seja “traduzida” para o papel adequadamente. Um cópia, por exemplo, pode funcionar bem quando clara, mas precisar ficar mais escura para se encaixar num grupo de imagens num determinado ponto da edição, e por ai vai.

Enfim, é com isso que ando discutindo comigo mesmo dentro do quarto escuro esses dias. Não é à toa que há um enorme atrativo na edição digital de imagens, onde a previsibilidade dos resultados é instantânea e se pode olhar grupos de imagens e realizar qualquer mudança para que o grupo funcione melhor.

Escaneados recentemente

Aproveitando o início de ano mais tranquilo, escaneando trabalhos antigos, desencavando imagens das caixas.

Um pinhole em 4×5″ feito no sertão de Maresias em 2005, correndo o risco de me repetir aqui, curto muito multiplas exposições feitas com pinhole.

E depois uma participante da oficina em Pirenópolis em 2008, embebendo uma folha em fixador para usar como pincel sobre um quimiograma.

Cursos Regulares do Pompéia

Para os interessados em Fotografia, especialmente em Laboratório P&B, segue um alerta:

INSCRIÇÕES

 

Cursos de Fotografia, nas Oficinas de Criatividade do SESC Pompeia.

Dia 23/2, terça, das 14h às 20h, para comerciários.

Dia 24/2, quarta, das 14h às 20h, para usuários e interessados em geral.

 

MENSALIDADES

 

 

R$ 56,00 para interessados em geral.

R$ 28,00 para usuário matriculado, estudante, idoso acima de 60 anos e professor da rede pública de ensino.

R$ 14,00 para trabalhador no comércio de bens e serviços matriculado no SESC e dependentes.

 

IMPORTANTE

[Devido ao número restrito de vagas, só é possível uma inscrição por pessoa.]

[A reinscrição em cursos feitos anteriormente só será permitida se existirem vagas remanescentes.]

[Inscrições para vagas remanescentes a partir de 3/3, quarta, às 14h.]

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Fotografia – básico

Aborda história, linguagens, técnicas e recursos para a manipulação de câmera reflex 35mm. O laboratório fotográfico será utilizado para a revelação de filmes e a ampliação de papéis em preto e branco. Orientação de Celina Yamauchi.

Pré-requisito: possuir câmera fotográfica reflex 35mm (filme).

Datas e horário: de 12/3 a 2/7. Sextas, das 19h às 21h30.

 

Fotografia – intermediário

Faz um aprofundamento dos conhecimentos fotográficos dos alunos e uma experimentação de novas possibilidades visuais, tais como revelação seletiva, alteração na revelação do negativo e uso do filtro de contraste na ampliação. Orientação de Celina Yamauchi e Simone Wicca.

Pré-requisito: possuir câmera fotográfica reflex 35mm (filme) e ter conhecimento do uso da câmera e dos processos de revelação e ampliação em preto e branco (técnicas ensinadas no módulo básico).

Datas e horário: de 11/3 a 1/7. Quintas, das 19h às 21h30.

Projeto fotográfico

Apresenta etapas importantes para a elaboração de um projeto pessoal fotográfico. Entre elas, montagem de cronograma de trabalho, pesquisas teóricas e experimentação prática. Orientação de Simone Wicca.

Pré-requisito: conhecimento de técnicas fotográficas.

Datas e horário: de 9/3 a 29/6. Terças, das 19h às 21h30.

Expedição São Paulo

Caminhar, observar, aproximar-se dos moradores e reconhecer a cidade é a proposta desta vivência em linguagem fotográfica. Será feito um trabalho coletivo de observação, registro e reinserção das imagens produzidas. Orientação de Angela Di Sessa.

Pré-requisito: já ter participado do curso Projeto fotográfico.

Datas e horário: de 10/3 a 30/6. Quartas, das 19h às 21h30.

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Angela Di Sessa é fotógrafa, graduada em comunicação visual pela Faap em 1981, mestra pelo Instituto de Artes da Unicamp em 2002 e atua como docente na Universidade São Judas.

Celina Yamauchi é artista plástica, doutoranda em artes pela ECA/USP e leciona fotografia no Santa Marcelina e nas Faculdades Integradas Rio Branco.

Simone Wicca é bacharel em fotografia pelo Senac desde 2002. Trabalhou em laboratórios e estúdios fotográficos da Faculdade de Belas Artes, das Faculdades Integradas Rio Branco e do Centro de Comunicações e Artes – Senac.

Erosão

Estou me divertindo bastante com o envelhecimento dos meus Polaroids. É divertimento porque em 2006 tomei a iniciativa de reproduzí-los digitalmente enquanto ainda era tempo. Mês passado comecei a escaneá-los novamente para comparar as imagens com as de 3 anos atrás e a diferença é impressionante.

Acima, uma imagem reproduzida em 2006, abaixo a mesma imagem reproduzida em 2010.

Perceba que eu já utilizei os Polaroids após sua data de validade, não é a toa que o químico ressecou e não se espalhou bem pela superfície do filme durante o processamento.

Além disso, as impressões digitais do manuseio das cópias ficaram bem marcadas ao longo do tempo.

Um outro par de reproduções da mesma imagem.

Solargraphy #1

Depois de duas semanas…

solar02post

A exposição foi pouca (seguindo as dicas do Tarja a exposição deveria ser de 3 a 6 meses, mas eu tava muito curioso). O Sol pode ser visto ali no pequeno espaço que se vê da janela de cima, pontinho amarelos. Os pontinhos brancos pela área mais escura da imagem são sujeira mesmo.

Solargraphy • teste

solar

Uns dias atrás falei do projeto Solargraphy de Tarja Trygg. Inspirado nas dicas que ele dá no site dele preparei uma câmara formato 5×7″ com um pedaço de papel P&B fibra dentro (Ilford Gallerie, G3, vencido). E a câmara está ai, imóvel, desde o dia daquele post (28/10/09).

O tempo virou aqui em Sampa, o Sol abriu e nos últimos dias o céu esteve assim, completamente azul. Isso foi ótimo para por em dia uns projetos fotográficos e deve estar causando uma velatura bacana no papel dentro da câmara.

Coloquei o diafragma em f/45 e colei um filtro polarizador por cima da lente para diminuir um pouco mais a intensidade de luz. Apontei a câmara para o poente. Tive o cuidado de fazer uma limpeza especial da janela logo a frente da câmara, que estava imunda.

Exposições muito longas

Um figura chamado Tarja Trygg colocou no ar um site chamado Solargraphy.

Vale a pena olhar a galeria e ver se interessa ajudar o caro Tarja, como um voluntário, na sua empreitada.

Bom, se não for por isso, vale a pena porque as imagens e as informações do site são simplesmente incríveis!

Segure o fôlego e clique no link. Esse trabalho mexe com as bases da fotografia e questiona algumas das crenças mais simples que temos, como faz também o trabalho de Michael Wesely.

A Invenção de Um Mundo

A Invenção de Um Mundo, no Itaú Cultural: exposição e debates, imperdível.

Ontem, quando Ronaldo Entler comentou as fotografias de Valérie Belin, me perguntei: o que será a cópia de uma cópia que não deu certo? Temo em descrever o assunto das fotografias dela aqui, não sei se seria capaz, mas são essas aqui. Os fotografados são cópias de algo que Entler caracterizou um original que não é, e colocou uma observação: se acaso o original estivesse ali, seria ele prontamente descoberto como tal? A palestra de Fontcuberta encerrou com uma fala sobre a possibilidade das fotografias dele agirem como uma vacina, criando anticorpos nos olhos. Mentira e verdade. Cheguei em casa, olhei para uma pedra, um presente que ganhei há muitos anos, nela uma palavra escrita: believe. Imediatamente pensei naquela série de tv que virou filme.

Mas o fato por trás de todos os questionamentos que surgiram foi o pensar. Como observador dessas imagens fui ativado, lembrando a fala de Rosângela Rennó em Paraty que comentei aqui. O anticorpo contra a mentira que Fontcuberta descreve é o ruído de Rennó, de certa maneira. Voltei para casa pensando nisso. No ônibus as imagens passavam pela janela, eu imaginava a exposição de Walker Evans que eu tinha acabado de ver no MASP. Na época em que essas fotografias foram feitas, o olhar aguçado de Evans talvez fosse suficiente para fazer surgir um braço invisível que saísse de dentro da fotografia e chacoalhasse a cabeça do observador. Infelizmente nossa percepção saturada nos impede de sermos sensíveis a esse braço invisível hoje, me parece. Hoje esbarramos nas poeiras que jazem ali, nas cópias vintage, esbarramos no contraste suave demais, será? Fontcuberta mesmo diz que suas fotografias são muito simples no fazer, a construção está no discurso, ali ele coloca um ruído muito intenso, que não passa despercebido mesmo meio a toda essa saturação. Aerofantes!!?!?!? Hahaha Erectus pseudospinosus!?!?!?!? Hahaha Um gênio!