Recebi essa pergunta do Guilherme Moraes e é uma pergunta cabeluda. Ele me pergunta se vale à pena comprar uma Pentax 6×7 e escanear os negativos para conseguir um arquivo de pelo menos 30Mp.
Primeira coisa que posso fazer é listar os scanner que eu lembro que aceitam esse formato de negativo: Epson V600, Epson V700 e similares, Plustek OpticFilm 120, Nikon Coolscan 8000 e 9000, Kodak HR-500, Noritsu S1800/S4 e alguns scanners grandes que podem escanear 120 também como Cézanne e o PFU DL2400p que eu possuo. Para facilitar a avaliação deles vou dividir em dois grupos principais levando em consideração a maneira como os scanners olham para o negativo a ser escaneado.
Scanners com foco fixo
Trinta megapixels basicamente é 5000 x 6000 pixels, ou seja, no mínimo precisamos de 2400 dpi de resolução real para conseguir 5000 pixels no lado curto do fotograma. Os Epson com 1200 e 1800 de resolução real ou ficam de fora ou se aceita viver sem a textura real dos filmes e com um textura criada pelo unsharp mask/interpolação que ocorre no software da Epson.
Isso somado ao desafio de manter os negativos planos e em foco num Epson compõe a lista de suas fraquezas, seus pontos fortes são a praticidade, a limpeza automática ICE, o software, versatilidade e a porta USB. O software apesar de parecer simples, é capaz de inúmeras soluções, as maiores limitações estão mesmo nas cores que o sistema como um todo é capaz de gerar (limitação de range dinâmico dos canais) e no método usado para interpretar o negativo, a equalização de canais. O preço/disponibilidade dos Epson até pode ser interessante (um V600 por 190 dólares no balcão da B&H não é ruim, às vezes tem até promoção). Esses são os únicos scanners dessa lista que podem ser comprados novos. Um porta negativo da Lomography chamado Digitaliza pode ser uma boa adição a um Epson para filmes 120 e também para 35mm.
A ausência de autofocus também é um problema aparente do Plustek 120. Muitos relatos na web de imagens fora de foco além de relatos de negativos abaulados e distorcidos com esse scanner, reclamações sobre o software são menos comuns. Os pontos fortes seriam resolução e limpeza, mas acaba sendo pouco para um scanner tão caro (entre 1500 e 2000 dólares). O Plustek parou de ser fabricado, sua última versão tinha porta negativos com design melhorado. O Braun 120 talvez seja um scanner similar a esse, mas tem reviews péssimos no site da B&H, por exemplo. O Pacific Image PF120 também é similar, tem reviews bons e ruins. O Silverfast também se baseia na equalização de canais.
Scanners com autofocus
Os Coolscan da Nikon são ambos muito parecidos e com acessórios intercambiáveis, porém depois que a Nikon parou de fabricá-los seus preços subiram demais (talvez uns 2500 dólares) e os acessórios ficaram cada vez mais difíceis de serem encontrados. Com inúmeros pontos fortes, são uma ótima opção. Os porta negativos sem vidro são bem feitos, mas ainda assim não garantem filmes 120 perfeitamente planos. O porta negativo com vidro para 120 é chato de usar e o vidro antinewton não é antinewton o suficiente. O software da Nikon só funciona até OSX 10.6.8, o que é limitador, mas é um software excelente. Opções como Vuescan e Silverfast mais modernas rodam em sistemas atuais, mas são mais complexos de usar e permitem menos controle de usuários mais experientes.
Os scanners da Kodak e da Noritsu trazem consigo algoritmos de cor muito bacanas que interpretam os negativos coloridos simulando a resposta dos papéis coloridos. Isso só é encontrado nesses scanners e facilita muito o trabalho de correção das cores em negativo coloridos. Esses scanners dependem de máquinas antigas, em geral rodando Windows XP, são encontrados a preços altíssimos (a partir de 4000 dólares ultimamente). Podem trabalhar o dia inteiro sem problemas, foram feitos para operam sem parar em laboratórios comerciais. A curva de aprendizado é íngrime, mas um operador treinado gasta pouco tempo escaneando um rolo de 120 e tem acesso a arquivos com resolução razoável, muita qualidade de imagem e sem sujeira.
O Cezanne e o PFU que eu menciono são scanners produzidos para gráficas nos anos 1990, são para o formato A3, mas cada um do seu jeito possui maneiras de aproximar a imagem de negativos pequenos e ambos produzem imagens boas de negativos médio formato (com 4000 e 2400dpi respectivamente). Esses sensores eram produzidos em pequena escala nessa época e tem um range dinâmico muito bom quando comparados aos sensores de scanners Epson, por exemplo, logo as imagens de negativos coloridos depende apenas da habilidade do operador de ajeitar os parâmetros de captura. Esses scanners mais antigos exigem computador com sistemas datados para operá-los e não tem limpeza automática tipo ICE, mas são capazes de oferecer a textura do grão do filme, o foco preciso no escaneamento, enfim, a qualidade igual ou melhor que um Nikon 8000/9000, mas sem custar tão caro (algo entre 250 e 1000 dólares dependendo do modelo). Essas sempre foram minhas opções.
Há sempre a opção de fotografar os negativos com um dispositivo estilo DIY, isso fica para um outro dia.
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