Essa semana eu consegui ir ver algumas das exposições dos Encontros da Imagem de Braga. Muita coisa interessante de ver, mas poucas que realmente tocam meu coração.
Uma exposição em especial me atraiu pela imagem nos banners pela cidade e me chamou atenção com sua delicadeza e simplicidade.

Essa exposição de Carlos James Reeder tem apenas 14 imagens em tamanho A3+ (talvez). A montagem em si é simples, as molduras metálicas contem as fotos sem passe-partout. Finos cabos de aço prendem as molduras a barras no topo de divisórias já cheias de história e marcas de diversas exposições anteriores. O texto é um pouco pequeno, ou meus olhos estão um pouco velhos.

As molduras tem marcas também, isso incomoda um pouco a fruição do trabalho. O trabalho de impressão é preciso e o mesmo tom do fundo ligeiramente off-white está em todas as imagens, isso colabora muito para a sensação de união entre as imagens e fala imenso do trabalho envolvido na produção dessas 14 imagens.
As imagens mostram uma série de objetos em diversas camadas. As camadas por sua vez são criadas tantos pela disposição dos objetos no espaço do estúdio como pelo desfoque da objetiva da câmera. No plano de foto é possível até ver os detalhes da trama offset dos objetos impressos. Essa trama se confunde com o grão das imagens em alguns momentos. O assunto das imagens escolhidas para compor os objetos dentro das imagens contém ciência, tecnologia, trabalhos manuais. As composições são variadas e mantém um ritmo agradável na exposição. Não há um ponto de início e um ponto final, não falta intencionalidade ao trabalho também.

Peço licença para questionar duas frase desse texto. Não acho que as imagens sejam descontextualizadas aqui, mas sim recontextualizadas. Será que os adjetivos “disjointed and disorienting” não são um tanto pejorativos aqui? Será que subestimam a capacidade do observador de perceber o trabalho à sua maneira. Me parece que o artista já coloca suas intenções no texto até aquele ponto, ao chegar a essas duas frase, há um movimento de retração, um questionar o que foi dito.

Esses pequenos detalhes no texto me deixaram bem irritado naquele momento. Senti que aquilo queria estragar a fruição do trabalho, uma força que queria negar que eu tinha percebido do trabalho, começando por negar a intenção do trabalho. Talvez eu esteja pegando pesado demais…
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