‘Silicon Based Photography’ é um workshop programado no âmbito de uma unidade curricular do Mestrado em Fotografia da ULHT, que conta com a minha orientação.
O workshop começará com uma apresentação sobre o processo de formação da imagem fotográfica, reflectindo sobre as etapas-chave que determinam a visualidade da imagem. Essa reflexão abrirá caminho para discutir e experimentar com diferentes formas de intervir numa imagem digital, criando uma lista de ações possíveis. No decorrerer do workshop serão feitas diversas experiências, nomeadamente: 1. Explorar a luz visível com capturas digitais sensíveis ao infravermelho; 2. Explorar o uso de canais de cor em softwares de edição; 3. Explorar diferentes formatos de sensor com capturas que usam CCD lineares; 4. Explorar algumas interferências em impressoras inkjet.
O workshop decorrerá nos dias 27 e 28 de janeiro e terá a duração de 12 horas, havendo 6 vagas para participantes externos ao Mestrado em Fotografia da ULHT, por 70€.
As 12 horas de workshop estão distribuidas assim: 27/01, sexta – 11h às 12h30 e 14h às 18h e 28/01, sábado – 10h às 12h30 e 14h às 18h
Para participar como aluno externo, deve concluir o registo aqui.
Lembrem que contei sobre essa exposição do projeto Actum num post anterior e disse: “…a mim interessa uma que fala do experimentalismo. Minha proposta foi então sair em busca de uma imagem desconhecida e encontrá-la quase da mesma maneira que a Ilha Desconhecida é encontrada no conto. Ou seja, fotografar uma cena que só existe enquanto o fotógrafo e câmara lá estão.”
Entitulei o trabalho de “Enquanto Estou Aqui”. A palavra “Aqui” se repete se olharmos o título do trabalho que fiz para a edição anterior desse projeto. Bom, aqui é uma enorme novidade na minha vida, se explica.
Hoje, mais cedo, abriu a exposição que ficará no Palácio do Raio até dia 25 de fevereiro.
O blog do Pascal, apesar de meio abandonado, tem umas dicas para criar perfis para impressoras: https://encrypted.pcode.nl/
Já usei o imagemagick e o negfix8 no passado, dentro do MacOS, pela linha de comando como parte de um processo para arquivos RAW criados pelo scanner Pakon.
Tenho cozinhado algumas idéias junto com esse post ao longo dos últimos 3 anos, que é o tempo que estou cá em Portugal. Tenho vontade de discutir um quase hiato, uma quase pausa que eu percebo na minha produção. Definitivamente é uma mudança de ritmo e de foco, mas é muito difícil separar o que é uma mudança de fase com o que é resultado da mudança de país.
Uma coisa já estava anunciada antes de pensar em mudar para cá. Em 2017, quando eu passei 8 meses treinando consertar câmaras e objetivas com o Celso, muito mudou no jeito como eu encaro o inventário do fotógrafo (usando a definição de inventário do bricoleur de Levi-Strauss). Acabei me tornando mais seletivo nos equipamentos e materiais e comecei a desapegar de coisas que eu não via possibilidade imediata de usar. Ao longo dos 2 anos seguintes eu diminui muito meu inventário e depois com as Frofas e os bazares da despedida fiquei ainda mais leve. Algumas coisas me acompanharam, mas ainda assim eu aos poucos fui descobrindo que elas também não me servirão tão cedo, já participei de algumas feiras por aqui para tentar vender esses paranauês (e essa foto prova isso).
Já outras coisas tem relação direta com a mudança de país. Em Sampa, ainda tinha o laboratório ali em casa e fiz muitas cópias de trabalhos que estavam “atrasados” nos últimos tempos. E também tinha convertido a primeira inkjet para carbono, o que gerou mais um tanto de novas cópias antes de vir, quase um ritual de despedida. Não consegui trazer o laboratório, impressora e scanners junto comigo. É um tanto complexo planejar todos os detalhes toda a vez que quero fazer algo que eu fazia antes no ateliê, mas que agora simplesmente não depende apenas da vontade.
Fui tentando resolver essas coisas no tempo que me sobrava aqui fora do trabalho (um luxo durante a pandemia). Logo que cheguei, achei uma impressora para converter e ela vem sendo usada, mas num ritmo mais lento, é verdade. Depois construí uma caixa para reproduzir negativos e isso amenizou a falta dos scanners. Depois consegui comprar a Linhof Technika e fazer umas fotografias que já estavam imaginadas na minha mente (ah! a delícia de fotografar em filme raio-x). Ainda restam outras a fazer. Adaptei os cantos das garagens por onde passei para servirem de oficinas. Essa parte de recomeçar parecia que seria cansativa, me preparei para isso, mas foi cheia de oportunidades de fazer as coisas de um jeito diferente, numa nova velocidade (antecedência em planejar e tempo para refletir).
Quando não conseguia me dedicar ao fazer, me dediquei a escrever coisas diversas. Artigos para Emulsive, para PetaPixel, etc. Finalizei o texto do livro. Me dediquei a posts mais longos aqui no blog, escrevi até sobre coisas que vão um pouco além do que eu normalmente me arriscaria a falar em público (estou envelhecendo e a foto acima prova isso também). Bom, não falta muito para esse blog completar 20 anos, o primeiro post foi em 16 de junho de 2005, temos o que agora? Uns 17 anos e meio? Foi bom repensar todo um percurso até aqui e tirar essas coisas todas da mente e deixar gravadas no papel ou na nuvem, um processo que dá origem a outros questionamentos (que dádiva!).
Vou continuar usando o tempo que sobra para agitar uns processos e uns equipamentos reaproveitados por aqui. Vai persistir a dúvida sobre o que é uma mudança de fase e sobre o que é resultado da mudança de país. Muita gente usa a comparação com o equilibrista de pratos para falar da vida, em que cada prato é um aspecto da nossa existência e que nossa atenção acaba sendo divida entre essas coisas ao longo do tempo para evitar que um aspecto especificamente fique para trás. O último post como esse também terminou com outras perguntas ao invés de respostas. E algumas promessas. Uma carreira de artista truncada.
Sim, agora temos uma versão impressa disponível! É verdade!
Um pouco de história: já falei aqui do livro “Anotações de um fotógrafo experimental”. Esse livro é uma coleção das minhas anotações e reflexões sobre diversos processos fotográficos experimentais. Falo bastante de fotografia analógica, mas também discuto processos experimentais na fotografia digital. Não discuto fórmulas de químicos ou faço tutoriais de processos. Conto desde as histórias de trabalhos mais conhecidos como Travessia ou Pluracidades, e falo também de pequenas reformas que fiz aparelhos diversos.
Desde a virada de 2021 para 2022 que o livro já estava disponível na plataforma Google Books, mas a intenção era fazer uma versão impressa. Trabalhei no arquivo para isso entre Março e Maio de 2022 e fiz algumas impressões de teste através da Blurb e da 360imprimir.
A Blurb acaba ficando mais cara e não havia nenhum ganho de qualidade que justificasse. Fiquei bem satisfeito com os primeiros testes com a 360imprimir, trabalhei na revisão do volume melhor e inclui uma folha de resto e outros detalhes. Decidi fazer uma tiragem em Setembro de 2022 já para levar ao festival Analógica em Chamusca.
A gráfica falhou em cumprir o prazo que eles mesmo estabeleceram e os exemplares não chegaram à tempo (mero dissabor da vida cotidiana). Além disso, os exemplares tinham sido impressos em outro tipo de papel, com gramatura muito menor. A lombada ficou com quase metade da espessura, muito estranho. O papel era de qualidade inferior, tinha bastante transparência que matava o contraste das imagens. O texto, por sua vez, estava fraco e isso afetava a legibilidade. Pensei em várias piadas sobre as questões de legibilidade dos meus textos, mas não as verbalizei. A impressão era um desserviço para com a minha fotografia.
Então durante 20 dias eu fui muito paciente com o sistema de suporte inexplicavelmente lento da 360imprimir. Não havia mais o papel que escolhi da primeira vez (apesar da opção continuar disponível no site…) mas depois desses 20 dias de emails indo e vindo me foi oferecida uma devolução dos valores pagos.
Perguntei para alguns conhecidos e me foi recomendada a Pixel Art Printing.
Fiz uma encomenda com a Pixel Art Printing no dia 22 de outubro e uns dias mais tarde recebi os exemplares como o descrito no site, mas sem a última página. Mantive a calma, me culpei por não estar a perceber como esses sistemas funcionam, etc. Mas então falei com o suporte dessa gráfica e descobri que o sistema havia detectado uma discrepância no meu arquivo e simplesmente removeu as duas páginas como forma de corrigir o problema. Ninguém percebeu já que ninguém tinha como ver o arquivo original.
Entrei no chat da Pixel Art Printing e um dia depois eles criaram um novo pedido de impressão com o arquivo original. Tudo chegou corretamente dessa vez. Foi o esperado!
Nenhuma das gráficas pediu os exemplares de volta. Refugo. Passei outubro pensando no que fazer com os exemplares esmaecidos, não cheguei a nenhuma conclusão. O Ricardo acha que devo guardar estes até o dia que uma intervenção qualquer ficar clara na minha mente. Pode demorar…
Os exemplares sem uma página tinham um reaproveitamento bem fácil: fiz a página que faltava na inkjet com papel comum. Inclui uma explicação em vermelho a dizer que aquilo era mesmo um remendo. Adicionei também um fragmento de imagem feita com CCD linear impresso com carbono em papel milimetrado no início do livro. Ainda pretendo numerar e assinar esses exemplares para criar uma edição dentro da edição.
De fato eu voltei lá num dia de chuva, mas não registrei com o telefone porque o espaço sob o guarda-chuva era pouco para tanta atividade.
Uns dias depois abriu um Sol violento e voltei lá mais uma vez. A lama acumulada era funda e fiquei imundo, mas valeu a pena.
Aproveitei uma grande poça como espelho.
Reproduzi todos os negativos com minha caixa de reprodução e comecei a imaginar como juntar tantos dias e luzes distintos e como as imagens ficariam depois da impressão.
Acabei criando um grupo de 15 imagens das quais escolhi 3 para compor um tríptico. Experimentei imprimir com carbono sobre um papel matte da Tecco com 230g/m2.
E agora estou nesta etapa, em breve conto como ficaram as molduras na parede.
Aqui em Braga tem um edital anual da câmara municipal chamado Actum. Esse ano o tema era o escritor José Saramago, em virturde do centenário do seu nascimento. Cada artista era convidado a se inspirar numa obra do escritor e fazer uma proposta dentro da sua própria disciplina.
O Conto da Ilha Desconhecida é meu velho conhecido, desde a época da faculdade. De um site de resenhas eu tiro 3 frases que resumem a premissa da obra: “Um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas.”
Existem inúmeras maneiras de olhar para esse conto, a mim interessa uma que fala do experimentalismo. Minha proposta foi então sair em busca de uma imagem desconhecida e encontrá-la quase da mesma maneira que a Ilha Desconhecida é encontrada no conto. Ou seja, fotografar uma cena que só existe enquanto o fotógrafo e câmara lá estão.
E desde que submeti a proposta fiquei de olho nas ruas da cidade, esperando encontrar um espelho abandonado que se encaixasse nessa idéia meio vaga que eu tinha. Nesse último domingo aconteceu, logo cedo quando eu saia para ir fazer uma comprinha.
É um espelho pesado, com um suporte metálico, provavelmente parte de um móvel de banheiro ou algo do gênero. Era um dia chuvoso perfeito. Um grande terreno aqui ao lado tinha sido recentemente limpo para a expansão de um parque, fui por lá espreitar, levei o espelho e a Linhof Technika 13x18cm com filme raio-x.
Voltei dois dias mais tarde e fiz mais umas tantas chapas, agora com o dia amanhecendo. Os próximos dias são de chuva, ainda planejo voltar lá mais um bocado. Enquanto isso vou pensando em como imprimir e como montar/emoldurar.
Saímos de Braga bem cedinho no sábado e conseguimos chegar à tempo da inauguração da Câmara Obscura que a Câmara Municipal instalou sob o coreto da praça da cidade. Aproveitamos para fazer umas caminhadas ao redor e ir ver o rio Tejo que passa ao largo da cidade.
A residência criativa Celeuma organizada pela Tira-Olhos resultou em uma das exposições dessa edição do Analógica. Na foto abaixo a inauguração que ocorreu no sábado.
A Paula da Tira-Olhos comandou um workshop interessantíssimo sobre luminogramas. O laboratório municipal é muito convidativo. Ver a organização das bandejas no laboratório para a aula da Paula promoveu uma revelação na minha mente. Sai dali cheio de ideias.
E nós nos perdemos pelas ruas de Chamusca mais um pouco, encontramos toiros de oiro pelo caminho e um céu azul seco maravilhoso. Andamos pela margem do Tejo, pela via panorâmica que vai sobre o muro que protege a cidade das cheias do rio. Nos misturamos com os artistas celeumáticos num jantar delicioso.
No domingo eu participei da feira de segunda mão com algumas tranqueiras que eu arrasto comigo para lá e para cá.
Durante o mercado de segunda mão teve uma cena engraçada. O André Nobre veio de Lisboa e nos encontramos lá. Ele estava contando de umas pesquisas que ele anda fazendo para publicar um pequeno livro. A conversa foi ouvida por uma senhora que vasculhava minhas tranqueiras. Ela se revelou uma encadernadora e acabou entrando na conversa. Essas coisas que só acontecem num festival de fotografia. Perfeito.
Continuo fazendo testes e vendo a melhor maneira de revelar o raio-x que tenho aqui. Na última saída por Braga, fui ao Largo da Senhora a Branca e depois ao Largo da Senhora da Boa Luz.
As fotos da Senhora a Branca foram reveladas num dia bem quente e a tentativa de encurtar o banho se provou muito equivocada. Céu escorrido, vários problemas de uniformidade.
Na revelação seguinte, mantive o tempo, mudei a diluição e o resultado apesar da temperatura alta, foi mais agradável.
Há umas duas semanas, num sábado, finalmente carreguei filme nos chassis e sai para fotografar com essa Technika pela primeira vez. Escolhi o centro de Braga e depois também subi na capela de Guadalupe, de onde tirei essa imagem que segue.
Algumas coisas deram muito certo, outras deram muito errado. Sem parassóis nas objetivas tive alguns problemas de flare, ainda não estava bem treinado para usar minhas placas pretas como obturador, acabei revelando as chapas um pouco demais e criei alguns negativos bem densos.
Por outro lado foi um prazer imenso voltar a revelar coisas, principalmente numa caixa assim tão improvisada.
Após avaliar tudo que fiz nesse primeiro dia, adicionei mais uns itens na minha lista de pendências e deixei algumas anotações para o próximo processamento de imagens.
Os parassóis chegaram da China e logo instalei nas objetivas. Aqui fica também o registro em imagem do problema com o anel frontal da petzval. Depois tampei esse furo com cola quente preta, para evitar invasões do Sol.
Consegui parassóis para a petzval e para a G-Claron no AliExpress, também improvisei um jeito de prender um na Aldis. Para a objetiva Primoplane ainda preciso construir um sob medida.
Uns dias mais tarde sai para um outro teste, dessa vez fui ao Bom Jesus do Monte.
Continuei fazendo umas besteiras com o obturador manual, mas já senti alguma melhora. Esses problemas só não são visíveis nas imagens que eu publiquei porque no processamento digital é fácil corrigir se o erro não for grave. Mas às vezes o erro é tão brutal que não há solução. A dificuldade é expor filme ISO 200 sob o Sol com uma objetiva que é f/4 fixo, por exemplo. Fazer 1/500 de velocidade exige destreza.
Comecei fotografando as costas da Basílica com a Aldis Anastigmat, em f/45, consegui controlar bem a exposição e acho que fiquei feliz com o resultado. Braga ao fundo, o céu ainda guarda detalhes apesar do filme ortocromático.
Depois tentei uma foto dos jardins, mas essa realmente ficou tremendamente super-exposta e nem consegui um bom scan dela.
Na sombra das árvores, pedi ao Pedro Viana para posar para uma fotografia. Usei a petzval e consegui controlar bem a obturação. Para quem não viu as entrevistas da série Fotografia Portuguesa, o Pedro é um fotógrafo a la minuta (lambe-lambe em PT-BR) que trabalha no Bom Jesus.
Depois por fim, fotografei o coreto lá no alto do Bom Jesus com a Aldis novamente, em f/32.
Depois desse passeio, adicionei mais uns itens à minha lista de pendências, pequenas coisas para consertar e que vão me ajudar a fazer exposições mais curtas quando necessário. E conto dos avanços no próximo update.